Vírus Langya foi detectado na China antes mesmo da covid-19
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 10 de Agosto de 2022 às 15h34
Na última segunda-feira (8), a China confirmou 35 casos de um novo vírus zoonótico chamado Langya (LayV). Mas ao contrário do que se pensa, esse patógeno surgiu antes mesmo da covid-19. As informações vêm de um estudo publicado na última quinta-feira (4), na revista científica The New England Journal of Medicine.
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O vírus pertence ao gênero Henipavírus, que já causou surtos de infecções altamente letais em humanos. Segundo o artigo, o Langya infectou pessoas entre 2018 e 2021. Os pesquisadores apontaram que 100% dos pacientes tiveram febre e, em alguns casos, outros sintomas, como fadiga (54%), tosse (50%), dor de cabeça (35%), vômito (35%).
Embora não haja mortes, o artigo aponta anormalidades no funcionamento do fígado (em 35% dos pacientes) e rins (8%). Os cientistas teorizam, ainda, que o musaranho seja um reservatório natural do Langya, mas futuras pesquisas precisam ser realizadas para que haja uma confirmação. De qualquer forma, os autores do estudo indicam que o Langya ainda está longe de significar uma nova pandemia.
Henipavírus
Ainda assim, a descoberta de um novo vírus do gênero Henipavírus preocupa os especialistas. Acontece que outros patógenos desse grupo já causaram surtos e infecções graves em locais como Ásia e Oceania. É o caso do Hendra henipavirus (HeV), cuja mortalidade chega a 57%, e o Nipah henipavirus (NiV), com taxa de mortalidade entre 40 e 70%.
Para se ter uma noção, a letalidade dos vírus Hendra e Nipah se mostrou significativamente maior nos surtos que ocorreram do que o coronavírus, na atual pandemia. Só que essa comparação, graças a inúmeros fatores, ainda é difícil de trazer perspectivas concretas.
Os sintomas que acompanham o vírus Langya são febre, cansaço, tosse, perda de apetite, dor muscular, náusea, dor de cabeça e vômito. O patógeno também traz redução nos glóbulos brancos, insuficiência hepática, insuficiência renal e baixa contagem de plaquetas.
Fonte: The New England Journal of Medicine via BBC News