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Vacinados e não-vacinados: dá para comparar mortes entre os dois grupos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Março de 2022 às 09h00

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Degroote-Stock/Envato Elements
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Nas redes sociais, uma postagem viralizou ao comparar, de forma enganosa, o número de pessoas vacinadas e não-imunizadas que morreram em decorrência da covid-19 em um único dia no Distrito Federal. Para especialistas, a comparação não faz sentido, já que desconsidera inúmeros fatores, como a presença de comorbidades.

Na postagem do Twitter, é possível ler a seguinte mensagem: "16 óbitos por covid notificados em 14/2/22 no DF, todos vacinados. Nenhuma notificação de morte para não vacinados". Além disso, o autor do post explica que o "placar parcial" de mortes entre os dias primeiro e 14 de fevereiro é de "81 vacinados X 02 não vacinados".

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Sobre a análise, “quando você pega casos isolados, corre o risco de, sem querer ou intencionalmente, pegar dados com particularidades”, comenta Breno Adaid, pesquisador de dados de covid-19, para o Projeto Comprova. É exatamente o caso da postagem.

Faz sentido?

De fato, os números de óbitos do dia 14 são os mesmos que os relatados na Síntese diária de óbitos notificados em 14 de fevereiro. Este é um documento produzido diariamente pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (Divep/SVS).

A questão é que o tuíte destaca um conjunto de dados muito pequeno para defender os supostos benefícios da não-vacinação. Por exemplo, entre o início do mês de janeiro e o dia 7 de fevereiro, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal contabiliza que 93 pessoas, com mais de 60 anos, faleceram naquele período. Do total de mortes em decorrência da covid-19, 79 (82,3%) não estavam com as três doses da vacina.

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Vacinação completa é importante

Aqui, é necessário explicar o que é vacinação completa para as secretarias de saúde no Brasil atualmente. Para estar complemente vacinado, o indivíduo deve ter recebido o esquema básico (duas doses) e reforço. Em outras palavras, a pessoa deve estar em dia com as três doses.

“Hoje, já sabemos que depois de quatro meses [da segunda dose], nós devemos tomar o reforço. Justamente porque ao longo do tempo cai essa proteção”, explica Julival Ribeiro, infectologista e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. O médico também lembra que a vacina diminui os riscos de complicações da covid-19 e de óbitos, mas não zera as possibilidades.

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No dia 14 de fevereiro, apenas quatro pessoas que morreram estavam com a vacinação completa (3 doses), sendo que as outras 12 receberam apenas duas doses. Dessa forma, oficialmente, morreram mais pessoas sem o esquema vacinal atualizado de que os imunizados.

Impacto das comorbidades e da idade

O infectologista comenta que alguns fatores, como idade e comorbidades, contribuem com o possível agravamento do caso. “Essas pessoas têm mais chance de virem a complicar e resultar em óbito. Isso é esperado. Agora, o que não se pode fazer é uma análise mostrando que não vacinados são mais protegidos. Isso não existe”, destaca.

No dia 14 de fevereiro, apenas dois pacientes tinham entre 50 a 59 anos. Todos os outros tinham mais de 60 anos, sendo que oito estavam com 80 anos ou mais. Isso significa que, naturalmente, corriam maior risco de complicações com a covid-19.

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Na questão de comorbidades, todos apresentavam pelo menos uma, sendo que alguns dos pacientes sofriam com duas ou três. As mais comuns eram, respectivamente: cardiopatia, pneumopatia, distúrbios metabólicos e imunossupressão.

Outro fator que deve ser levado em conta é qual a porcentagem, na população do Distrito Federal, que tem mais de 60 anos e convive com comorbidades que ainda não foi completamente vacinada. Como este é grupo de risco, exista uma alta probabilidade de poucos indivíduos não tenham recebido pelo menos uma dose de alguma vacina contra a covid-19.

Fonte: Projeto Comprova e Distrito Federal