Vacina contra COVID à base de plantas entra em fase final de testes no Brasil
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Agosto de 2021 às 13h40
Na busca pela segunda geração de vacinas contra o coronavírus SARS-CoV-2, farmacêuticas e pesquisadores testam novas fórmulas para a imunização, como um composto feito à base de plantas, mais especificamente de uma prima do tabaco. Esta é a aposta contra a COVID-19 desenvolvida pela farmacêutica canadense Medicago e pela britânica GSK — e que também possui parceria com a fabricante de cigarros Philip Morris. Os testes já estão em fase final no Brasil.
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A vacina contra a COVID-19 da Medicago usa uma planta chamada Nicotiana benthamiana, que é uma espécie nativa da Austrália e é considerara uma prima do tabaco. Inclusive, o vegetal é utilizado na produção de vacinas promissoras contra o Ebola.
Neste caso, a planta funciona como um biorreator e produz uma partícula não infecciosa que imita o vírus-alvo — no caso, o coronavírus SARS-CoV-2 —, sem o uso de nenhum vírus vivo. Para isso, os genes do agente infeccioso são injetados nas folhas e as células vegetais conseguem criar proteínas que simulam os vírus.
“Este imunizante funciona como um virus-like particle [partícula pseudoviral que se assemelha ao vírus, mas não são infecciosas]”, explicou Eduardo Ramacciotti, chefe de conselho do Science Valley Research Institute e um dos líderes à frente dos testes clínicos, para a revista Forbes. Após entrar no organismo humano, a fórmula desencadeia uma resposta imunológica contra a COVID-19.
“Suspeitamos que a metodologia com célula de planta seja mais inofensiva, porque não interage com outras proteínas do nosso corpo e não produz eventos adversos com tanta intensidade como outros métodos que utilizam célula humanizada ou de inseto, por exemplo”, explicou Leandro Agati, sócio-fundador e CEO da Science Valley.
Testes de Fase 3 da vacina
Segundo o jornal The New York Times, em julho de 2020, a Medicago deu início ao ensaio de Fase 1 da vacina à base de plantas. Nesse estudo, os cientistas descobriram que o imunizante produzia níveis promissores de anticorpos nos voluntários testados. Em seguida, o ensaio de Fase 2 também forneceu resultados positivos para a equipe. Agora, os testes de Fase 3, iniciados em 16 de março deste ano, ainda estão em andamento, inclusive no Brasil.
A expectativa é que a Fase 3 dos testes clínicos possa englobar 30 mil voluntários saudáveis em todo o mundo. No mês de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a realização do estudo nacionalmente. Segundo a empresa, a estimativa é concluir a pesquisa até o mês de setembro e chegar a 3,5 mil voluntários brasileiros.
Desde maio no Hospital do Rocio, na cidade de Campo Largo, no Paraná, os testes da vacina da Medicago são realizados com a coordenação da Science Valley. No estado, a previsão é englobar 700 voluntários com mias de 18 anos, saudáveis, que não tiveram a COVID-9 e nem foram vacinados. Testes também são realizados no Distrito Federal, Minais Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo.