Vaca louca: o que significam os dois casos atípicos descobertos no Brasil?
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 06 de Setembro de 2021 às 11h44
No sábado (4), a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou dois casos atípicos de encefalopatia espongiforme bovina (EBB) — doença animal popularmente conhecida como mal da vaca louca — e causada por príons. Os animais infectados foram identificados na cidade de Nova Canaã do Norte, no Mato Grosso, e em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.
- O que são príons e que doenças eles causam?
- Vírus do herpes B: o que sabemos sobre a doença que matou um homem na China
- Variante Mu pode escapar da imunidade induzida pela vacina, diz OMS
A confirmação dos casos de vaca louca foi divulgada pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá, na sexta-feira (3). De acordo com o Mapa, todas as ações para evitar outras contaminações foram tomadas antes da divulgação do relatório oficial. “Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”, destacou o ministério, em nota.
Segundo as autoridades brasileiras, os dois casos foram atípicos e detectados antes do abate dos animais. “Trata-se de vacas de descarte que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito [deitadas] nos currais”, explicou o ministério sobre as condições dos animais.
O que é caso atípico de vaca louca?
Vale explicar que a doença da vaca louca (EBB) é uma doença crônica degenerativa que afeta apenas os bovinos. Ela é causada pela presença de partículas proteicas infecciosas, os príons. Essas partículas anormais podem se manifestar através da genética, do consumo de carne contaminada (de outro animal já doente e com príons) ou de forma espontânea (ainda desconhecida). Em humanos, ela recebe o nome de variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ).
Segundo o Mapa, estes são o quarto e quinto casos atípicos da doença da vaca louca registrados em mais de 23 anos de vigilância no Brasil. Ambos ocorrem de maneira espontânea e esporádica e não estão relacionados à ingestão de alimentos contaminados com príons. Além disso, a pasta destacou que o país nunca registrou a ocorrência de caso clássico do mal da vaca louca. Por isso, é frisado o termo atípico.
Esses casos atípicos surgem do organismo do animal, principalmente de organismos com mais idade, espontaneamente. Eles não acontecem devido à ingestão de alimentação contaminada, o que diminuí os riscos para o rebanho. Conforme as autoridades explicaram, os dois animais apresentavam idades avançadas e estavam deitados.
Importações de carne bovina
Após a descoberta dos casos, o Brasil notificou oficialmente a OIE da ocorrência. Desde sábado (4), as importações para a China de carne bovina foram paralisadas temporariamente até que as autoridades chinesas concluam a avaliação do caso com as informações já enviadas. O país asiático é o principal destino da carne brasileira, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
Fonte: Agência Brasil