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Ué, voltou? Pesquisadores de Oxford testam vacina contra peste em humanos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Julho de 2021 às 15h40

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Kuma Kum/Unsplash
Kuma Kum/Unsplash

Pode parecer estranho que cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, estejam trabalhando em uma vacina contra a peste negra — doença conhecida como a peste bubônica e que devastou a Europa em 1.300 —, mas não é. Por mais que a doença causada por bactérias esteja controlada na maioria dos países do globo, óbitos ainda são notificados por causa desta infecção, principalmente no continente africano.

Atualmente, a equipe da pesquisa de Oxford contra a peste está trabalhando nos testes clínicos de Fase 1. No entanto, vale explicar que a peste, como entendemos hoje, pode ser de três tipos diferentes: a bubônica (a versão histórica da doença); a pneumônica (infecção pulmonar); e a septicêmica (infecção no sistema circulatório). Isso varia conforme ocorreu a transmissão e os sintomas apresentados de cada caso.

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Se não for tratada, a forma bubônica tem uma taxa de mortalidade de 30% a 60%, já a forma pneumônica é quase sempre fatal. Além disso, tanto a peste bubônica quanto a pneumônica podem evoluir para uma infecção do sangue (septicêmica) que, por sua vez, tem alta taxa de mortalidade.

Testes para vacina contra a Peste

“A pandemia de coronavírus mostrou a importância das vacinas para defender as populações da ameaça causada por bactérias e vírus”, explicou Andrew Pollard, diretor do Oxford Vaccine Group. “A peste ameaçou o mundo em várias ondas horríveis ao longo dos últimos milênios e, mesmo hoje, os surtos continuam a perturbar as comunidades. Uma nova vacina para prevenir a peste é importante para eles e para a nossa segurança sanitária”, pontuou o cientista.

Atrás deste objetivo, os pesquisadores adotaram a plataforma de vetor viral de adenovírus ChAdOx1 — sim, é a mesma tecnologia usada pela vacina da AstraZeneca/Oxford. A equipe adotou um vírus geneticamente modificado (o vetor adenoviral) que foi projetado para imitar o patógeno contra o qual a vacina busca proteger. Quando esse agente infeccioso entra no corpo, o organismo trabalha contra a infecção e gera uma resposta imunológica. Caso a pessoa se exponha ao agente infeccioso da peste, ela já terá proteção contra algumas especificidades da bactéria.

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Agora, começaram a testar a segurança da fórmula em 40 pessoas saudáveis, com idades entre 18 e 55 anos. Além disso, o objetivo da Fase 1 será determinar quão bem a vacina induz a produção de anticorpos protetores e respostas de células T. No total, o estudo durará 12 meses. Se for tão bem-sucedida quanto o da vacina contra o coronavírus SARS-CoV-2, é possível que, em breve, a ciência tenha uma resposta eficaz contra essa doença milenar.

Pessoas ainda morrem de peste

Entre os anos de 2010 a 2015, 3.248 casos de peste foram notificados globalmente, incluindo 584 óbitos. No entanto, podem ocorrer alguns surtos locais, como aconteceu na ilha de Madagascar entre agosto e novembro de 2017, quando foram registrados 2.119 casos e 171 mortes. Em 2020, foram relatados casos fatais de peste bubônica na Mongólia e na China e de peste septicêmica nos EUA.

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Mesmo sendo uma doença grave, está claro, por estes números, que a humanidade não está próxima de uma nova onda de peste. Isso porque a peste é muito fácil tanto de prevenir quanto de tratar, desde que se tenha acesso a uma infraestrutura de saúde. Afinal, a doença é causada pela infecção da bactéria Yersinia pestis, que pode ser transmitida através da picada de uma pulga infectada, do manuseio de um animal contaminado, como um rato, ou da inalação de gotículas respiratórias de uma pessoa infectada.

Só que, na maioria dos casos, o uso de antibióticos pode resolver toda a situação, caso seja adotado precocemente. “Embora os antibióticos possam ser usados ​​para tratar a peste, muitas áreas com surtos são locais muito remotos”, explicou Christine Rollier, professora associada de vacinologia na Universidade de Oxford. “Nessas áreas, uma vacina eficaz pode oferecer uma estratégia de prevenção bem-sucedida para combater a doença”, completou.

Fonte: Universidade de Oxford