Trombose e COVID-19: qual a relação entre as duas doenças?
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 15 de Abril de 2021 às 10h35
Além dos pulmões, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode afetar inúmeros órgãos e causar uma série de complicações, como casos de trombose. Isso porque o vírus da COVID-19 desencadeia distúrbios no processo de coagulação do sangue e o intensifica. Mesmo que seja uma condição grave, os pacientes podem ser tratados e, geralmente, se recuperarem, desde que a descoberta seja feita de forma precoce.
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Sobre a formação de coágulos em pacientes da COVID-19, um recente estudo brasileiro conduzido por uma equipe multidisciplinar — com especialistas em terapia intensiva, cardiologia, hematologia, virologia, patologia, imunologia e biologia molecular —, incluindo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), verificou que o coronavírus atua de forma a favorecer a formação de coágulos (trombos) e que podem obstruir a circulação. Por isso, o grupo sugere mudar a classificação da doença para febre viral trombótica.
O que é trombose e quais são os fatores de risco?
Vale explicar que a trombose é uma condição clínica, onde ocorre a formação de um coágulo sanguíneo. Em outras palavras, é possível visualizar uma massa quase sólida formada em alguma veia e artérias do corpo do paciente. Na maioria dos casos, essa formação ocorre na parte inferior da perna, na coxa ou na pelve do paciente. Em situações mais graves, o paciente enfrenta uma embolia pulmonar, ou seja, este coágulo percorre os vasos sanguíneos do corpo, chegando aos pulmões, onde pode ser fatal, independente da COVID-19.
Para um caso de trombose, existem inúmeros fatores de risco, como a redução da velocidade do fluxo sanguíneo em decorrência de um imobilização prolongada e até mesmo o uso de pílulas anticoncepcionais, já que promovem o aumento de um hormônio sexual chamado estrogênio. Além disso, outras condições como obesidade, histórico familiar e idade podem favorecer ou não a formação de trombos.
De acordo com nota divulgada pela Secretaria de Saúde de Minas Gerais, metade das pessoas com trombose não apresentam sintomas. No entanto, os pacientes podem verificar, em alguns casos, dor, inchaço e vermelhidão na área de formação do coágulo. Agora, a embolia pulmonar também pode ou não manifestar sintomas, sendo os mais comuns: irregularidade nos batimentos cardíacos; dificuldade na respiração; dor no peito com tosse; ou ainda tosse com sangue.
Relação entre trombose e a COVID-19
De acordo com as análises de casos da COVID-19, a trombose pode afetar até um terço dos pacientes infectados pelo coronavírus e internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). No entanto, os mecanismos que levam a evolução de um quadro da doença viral para a formação de coágulos ainda não são completamente conhecidos pela ciência, o que se sabe é que o risco é aumentado através da infecção.
Enquanto isso, outras infecções virais, inclusive, agem de maneira oposta. Por exemplo, agentes causadores da dengue e da febre amarela prejudicam a coagulação e, para isso, provocam sangramentos nos casos mais graves, pois impedem a coagulação. Devido a essa evolução do quadro, as duas doenças são consideras febres virais hemorrágicas. No caso da COVID-19, a situação é bastante diferente, o que é favorecido é a formação de trombos e a hipercoagulação.
Para o tratamento de casos da COVID-19 e de trombose simultâneos, um dos protocolos médicos adotados é o uso de anticoagulantes, principalmente para casos onde há a internação hospitalar. Lógico, sempre avaliando o quadro individualmente.