Transplante com dois rins de porco é feito em paciente com morte cerebral
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •
Já faz um tempo que os cientistas se concentram em testar órgãos de porco para transplantes em humanos, e, em um estudo publicado nesta quinta-feira (20) na revista American Journal of Transplantation, uma equipe de pesquisadores fez o primeiro transplante de dois rins de porco em uma pessoa, que teve morte cerebral.
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Apesar de a operação ter sido realizada em alguém que já morreu, os órgãos produziram urina e não foram rejeitados pelo corpo no decorrer de vários dias. Os pesquisadores observaram, no entanto, que esses rins não conseguiram filtrar os resíduos do sangue como deveriam. Uma vez que a segurança e a eficácia estiverem comprovadas, a ideia é conseguir realizar esse tipo de transplante em pacientes vivos, mas isso ainda pode levar um tempo.
Os rins usados no estudo vieram de porcos geneticamente modificados justamente para que não haja rejeição pelo organismo humano. Acontece que os porcos normalmente produzem moléculas que geram uma reação imune agressiva, então os geneticamente modificados não possuem esses genes.
O estudo sugere que, embora muitas barreiras aos transplantes de rim de porco para humano tenham sido superadas, muitas perguntas sobre o procedimento permanecem sem resposta, por isso ainda há toda uma jornada de pesquisas e testes pela frente. Atualmente, a equipe está atrás de uma autorização da Food and Drug Administration (agência de saúde dos EUA) para usar os rins de porco geneticamente modificados em um ensaio clínico.
Ainda neste mês, aconteceu o primeiro transplante de coração de porco em um ser humano vivo. Na ocasião, o tinha uma doença cardíaca em estágio terminal, então o transplante era o último recurso.