Tipo sanguíneo pode alterar intensidade de reações à COVID-19, sugerem estudos
Por Natalie Rosa | •
Na busca pelo tratamento ou prevenção da COVID-19, cientistas se envolvem em diversas outras pesquisas que trazem resultados relevantes para entender melhor a doença. Recentemente, uma equipe de pesquisadores do Hospital Universitário de Oslo, na Noruega, identificaram duas variantes genéticas que podem tornar a contaminação pelo novo coronavírus mais grave.
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Uma das variantes está na faixa do genoma que determina os grupos sanguíneos. De acordo com o estudo, pessoas com sangue do tipo A foram as que mais apresentaram risco de insuficiência pulmonar em comparação com os outros tipos. Além disso, quem possui sangue do tipo O aparenta estar mais protegido do problema. A segunda variante está no cromossomo 3, que conta com cerca de seis genes, sendo um deles responsável por interagir com o receptor molecular que o vírus usa para invadir as células humanas.
O grupo, liderado pelo cientista Tom Karslen, analisou os genomas de quase quatro mil pessoas residentes da Itália e da Espanha, sendo que 1.610 haviam desenvolvido insuficiência respiratória após a contaminação pela COVID-19, precisando de respiradores, e 2.205 eram doadores de sangue que não contraíram a doença. Do sangue, foi retirado o DNA e feito o escaneamento com uma tecnologia chamada genotipagem. Posteriormente, os pesquisadores compararam amostras de sangue de quem foi contaminado com as amostras de pacientes saudáveis, em buscas de traços genéticos compatíveis.
Além deste estudo, outras pesquisas paralelas realizadas na China e nos Estados Unidos já mostraram que pessoas com sangue tipo A são mais suscetíveis à doença do que aquelas com tipo O. Em 2002 e 2003, durante a epidemia da SARS, cientistas também encontraram essa relação.
Andre Frank, principal autor do estudo e professor de medicina molecular da Universidade de Kiel, revela ainda não haver certeza sobre se o que causa a gravidade da doença é o grupo sanguíneo ou o marcador genético. O estudo diz ainda que o risco de desenvolver uma forma mais severa da COVID-19 é 45% maior para quem tem sangue tipo A, enquanto quem tem sangue tipo O o risco é de menos 35%.
O estudo completo está disponível para consulta online.