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Terapia com células-tronco recupera visão de pacientes com queimaduras químicas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 29 de Agosto de 2023 às 21h30

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 LightFieldStudios/envato
LightFieldStudios/envato

Na primeira fase de testes clínicos de uma nova terapia com células-tronco, quatro pacientes com queimaduras sérias nos olhos mostraram melhoras significativas, tanto melhorando a visão quanto ficando elegíveis para transplante de córnea — algo impossível anteriormente por conta da gravidade dos ferimentos.

O novo tratamento poderá ser a esperança de voltar a enxergar para pacientes com visão sem tratamento e dores associadas com dano à córnea. Um estudo sobre a nova técnica foi liderado por Ula Jurkunas, oftalmologista do Instituto de Olhos e Ouvidos de Massachusetts.

O método consiste no cultivo de tecido enxertado a partir de uma biópsia de células-tronco retiradas do olho do próprio paciente, e é chamado de Transplante de Cultivo Autólogo Limbal de Células Epiteliais (CALEC, da sigla em inglês). Como o tecido vem do próprio paciente, não há risco de rejeição, ao contrário de outras cirurgias oculares.

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Consertando a própria córnea

As células do transplante CALEC são retiradas do limbo do olho saudável do paciente — essa área fica na borda externa da córnea. Essas células-tronco são importantes para a preservação da córnea, parte protetiva transparente da camada mais externa do olho, onde a luz chega primeiro.

Para que a visão seja funcional e clara, é importante que a córnea esteja regular e lisa. Pacientes que sofreram queimaduras químicas geralmente apresentam danos permanentes à área limbal, impossibilitando a regeneração normal de células novas. Tratamentos oculares, em geral, envolvem transplante de uma córnea saudável de um doador.

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Como células-tronco limbais funcionais e uma superfície ocular saudável são necessárias para receber o novo tecido, os transplantes acabam não sendo uma opção para quem teve danos graves e incomuns nos olhos. Enxertos vindo de doadores podem causar infecções e transplantes de grandes partes do tecido limbal do outro olho saudável do paciente podem danificar a boa visão, não valendo a pena o risco.

Na nova técnica, a quantidade de células-tronco do limbo ocular retirada é pequena, sendo cultivada até atingir uma boa quantidade e facilitar a regeneração do tecido. Após a superfície do olho ser restaurada, um transplante de córnea convencional pode ser feito. Nos testes, quatro pacientes masculinos entre 31 e 52 anos foram tratados, com apenas um não tendo a visão melhorada após o transplante, mas apresentando melhoras o suficiente na superfície do olho para que um transplante de córnea se tornasse possível.

Em outro dos pacientes, a biópsia inicial falhou em criar um enxerto viável com as células-tronco, mas uma segunda tentativa, três anos depois, teve sucesso. A visão do sujeito melhorou da capacidade de notar movimentos das mãos para conseguir contar dedos, também ficando elegível para transplante de córnea.

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Os outros dois participantes tiveram uma melhora tão grande que não foi preciso recorrer a transplante de córnea, com a visão voltando quase perfeitamente. Biópsias também foram retiradas dos olhos saudáveis de cinco pacientes, mas um não pôde receber o transplante CALEC, já que suas células-tronco não se expandiram.

Essa etapa foi importante para a viabilidade e segurança do tratamento a curto prazo, e foi bem sucedida, já que os olhos de todos voltaram ao normal sem complicações, com a visão retornando dentro de 4 semanas.

Até a nova técnica, havia uma falta de opções de tratamento para pacientes com queimaduras químicas e outros danos permanentes na córnea que impediam transplantes, segundo os pesquisadores. No momento, a próxima etapa dos testes clínicos está sendo finalizada, onde os pacientes que receberam o transplante CALEC passam por acompanhamento médico por 18 meses, observando de perto a eficácia da cirurgia.

Fonte: Science Advances