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Tem gente tentando "lavar o sangue" para tratar covid longa, sem base científica

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Julho de 2022 às 20h05

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Twenty20photos/Envato Elements
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Agora chegou a vez da covid longa entrar para a lista de doenças miradas por tratamentos sem comprovação científica: pacientes com a condição estão viajando a clínicas particulares na Alemanha, Suíça e Chipre para fazer uma espécie de lavagem do sangue e tomar remédios anticoagulantes. Um estudo sobre essa prática foi publicado na última terça-feira (12) na revista científica British Medical Journal.

O procedimento é chamado de aférese: nele, o sangue do paciente é extraído e filtrado com o objetivo de remover lipídios e proteínas inflamatórias, devolvendo o líquido ao corpo. Sem comprovação científica, a Sociedade Alemã de Nefrologia segue apoiando o tratamento como um último recurso a quem ficou com distúrbios lipídicos após contrair covid-19.

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Riscos e falta de comprovação

O problema é que não foram feitos testes clínicos em pacientes com covid, e o procedimento ainda traz riscos, como prováveis sangramentos, coagulação, infecção e reações aos agentes utilizados no processo. Uma paciente holandesa, estudada pelos pesquisadores, sofreu de fadiga crônica após sua infecção por covid-19, e não pareceu melhorar nem após um ano, quando foi forçada a largar o emprego.

Procurando algum tratamento para a covid longa da qual sofria, ela ouviu falar da aférese nas redes sociais, e viajou até a Alemanha para o tratamento. Ela teve de retornar à Holanda dois meses depois, sem nenhuma melhora e com € 15 mil a menos no bolso (R$ 81,7 mil), gastos no procedimento. Outras técnicas realizadas na Alemanha, como oxigenoterapia hiperbárica e injeção de vitamina D, também não ajudaram.

A aférese é defendida por algumas pessoas que acreditam no trabalho de uma pesquisa de Etheresia Pretorius, fisiologista da Universidade de Stellenbosch, na África do Sul, que teoriza a existência de microcoágulos no plasma de pessoas com covid longa, que seriam responsáveis pelos sintomas. A falta de pesquisas no tema, no entanto, é latente.

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Especialistas afirmam que microcoágulos podem ser biomarcadores de doenças, mas não há como afirmar que causem sintomas: sem conhecer a formação desse fenômeno no corpo e a causalidade advinda deles, fabricar um tratamento com base na teoria — ainda mais com possíveis efeitos colaterais — é, no mínimo, precipitado, para não dizer perigoso.

Fonte: BMJ