Tecido cerebral impresso em 3D cresce igual ao cérebro real
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A ideia de um tecido cerebral criado em laboratório funcionar como o cérebro real pode parecer distante da realidade, mas os cientistas da University of Wisconsin–Madison (EUA) conseguiram esse feito através da impressão 3D. Podemos obter mais detalhes das conquistas desse grupo em um novo artigo da revista Cell Stem Cell.
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Para conseguir eficácia nessa inovação científica, o grupo decidiu fugir da abordagem normalmente utilizada na impressão 3D: camadas empilhadas verticalmente (uma técnica que requer uma biotinta rígida impressa em camadas espessas) e investiu em uma camada fina com infusão de células ao lado da outra horizontalmente.
O objetivo do estudo foi criar um tecido neural em camadas, de modo que as células progenitoras neurais amadurecessem e formassem conexões dentro e entre as camadas.
O material utilizado para cumprir essa função foi um hidrogel de fibrina, e com a impressão, os neurônios formaram conexões funcionais dentro e entre as camadas — e para isso acontecer, levou apenas cinco semanas.
“Nosso tecido permanece relativamente fino e isso torna mais fácil para os neurônios obterem oxigênio e nutrientes suficientes do meio de crescimento”, diz a equipe, em comunicado divulgado pela universidade. Veja, abaixo, o vídeo da reconstrução 3D do tecido cerebral:
O comunicado ainda diz que os pesquisadores tiveram êxito em sua proposta: as células puderam se comunicar umas com as outras. “Mesmo quando imprimimos diferentes células pertencentes a diferentes partes do cérebro, elas ainda eram capazes de comunicar entre si de uma forma muito especial e específica", compartilharam os pesquisadores.
Para que serve o tecido cerebral em 3D?
Mas a essa altura, é importante entender a importância do estudo. A expectativa dos autores é que esse tecido cerebral impresso em 3D possa ser usado para entender melhor determinadas doenças neurodegenerativas.
Por exemplo: estudar a sinalização entre células na síndrome de Down, além de interações entre tecidos saudáveis e tecidos afetados pelo Alzheimer, torna o cérebro em 3D um aliado no combate contra essas condições.
Com essa compreensão em mãos, o tecido cerebral em 3D pode futuramente ajudar a testar novos candidatos a medicamentos ou até mesmo observar o crescimento do cérebro de uma maneira muito mais profunda. Ainda é um órgão muito enigmático, com frequentes descobertas, então quanto mais se entende a complexidade do cérebro, mais avançada a ciência está.