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Suvorexant: remédio para insônia reduz risco de Alzheimer

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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gstockstudio/envato
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Um remédio usado para insônia pode ter um efeito secundário e, até então, desconhecido no cérebro: a redução das proteínas associadas com a doença de Alzheimer, a chamada substância beta-amiloide. Os resultados de um pequeno experimento — com poucos voluntários e apenas dois dias de uso da medicação — são bastante promissores e, agora, devem ser confirmados em estudos clínicos maiores. O efeito pode estar conectado com a importância do sono restaurador para o sistema nervoso.

Liderado pelos cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o novo estudo contra demência verificou o impacto do remédio Belsomra para a insônia, cujo princípio ativo é o suvorexant, produzido pela farmacêutica MSD. A pesquisa completa foi publicada na revista Annals of Neurology.

Alzheimer e proteínas tóxicas no cérebro

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Antes de seguirmos, é importante entender o surgimento da doença de Alzheimer. Hoje, o entendimento da comunidade científica é que o quadro de demência se inicia com o acúmulo de placas da proteína beta-amiloide. Após anos desta acumulação, uma segunda proteína cerebral, a tau, também se desenvolve e forma emaranhados tóxicos para os neurônios.

Quando os emaranhados de tau se tornam detectáveis, o paciente já apresenta sintomas da doença, como perda de memória. No presente momento, não há cura conhecida. Apesar disso, a medicina trabalha em duas frentes: prevenção — o que inclui boas noites de sono — e retardo do avanço. Em ambos os casos, novos estudos científicos ainda devem tornar as estratégias mais eficazes.

Dá para tomar o remédio contra insônia para prevenir Alzheimer?

Pensando na pesquisa com o remédio para insônia, os resultados não são conclusivos e, por enquanto, os cientistas não sabem se os benefícios de limpeza das proteínas conectadas com o Alzheimer são duradouros. Por isso, as evidências são consideradas como preliminares em relação ao medicamento que inibe a orexina — uma biomolécula associada com o estado de vigília, ou seja, permanecer acordado.

“Para as pessoas preocupadas com o desenvolvimento da doença de Alzheimer, seria prematuro interpretá-lo como um motivo para começar a tomar suvorexant todas as noites”, afirma Brendan Lucey, um dos autores do estudo, em comunicado. “Ainda não sabemos se o uso prolongado é eficaz para evitar o declínio cognitivo e, se for, em que dose e para quem”, acrescenta.

Entenda o estudo com o suvorexant em humanos

No atual estudo, foram recrutados 38 participantes saudáveis, com idades entre 45 e 65 anos — todos considerados novos para desenvolverem a doença de Alzheimer. Estes indivíduos foram divididos em três grupos: alta dosagem de suvorexant, baixa dosagem e nenhuma (placebo). Todos tomaram a medicação por duas noites seguidas.

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Segundo os autores do estudo, os níveis da proteína beta-amiloide caíram de 10% a 20% no líquido cefalorraquidiano nos voluntários que receberam a dose mais alta de suvorexant em comparação com pessoas que receberam placebo. Agora, a questão é entender o quão duradouro este efeito de limpeza pode ser no cérebro.

“Se pudermos diminuir a amiloide todos os dias, acreditamos que o acúmulo de placas amiloides no cérebro também diminuirá com o tempo”, sugere Lucey. Para comprovar a hipótese, novos estudos já estão em andamento e devem ocorrer em pacientes com alto risco de demência.

Fonte: Annals of Neurology e Universidade de Washington