Spray nasal promete varrer do cérebro proteínas causadoras de Alzheimer
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Na busca por novos tratamentos contra o Alzheimer, pesquisadores dos EUA e da Itália desenvolvem um spray nasal capaz de impedir o acúmulo de proteínas nocivas no cérebro. A terapia inovadora foi testada, com sucesso, em camundongos idosos com doenças neurodegenerativas.
Em pacientes com Alzheimer, o acúmulo de proteínas conhecidas como tau é um importante marcador do quadro. Isso porque elas são neurotóxicas e comprometem as atividades dos neurônios. No momento, ainda faltam terapias seguras e eficazes de uso amplo contra esse acúmulo indesejado, o que pode mudar com o novo spray de uso único.
Publicado na revista Science Translational Medicine, o estudo sobre o tratamento que pode varrer do cérebro essas proteínas causadoras do Alzheimer foi desenvolvido por pesquisadores da University of Texas Medical Branch (UTMB), nos EUA, e da Università Roma Tre, na Itália.
Spray nasal que protege do Alzheimer
Para combater a formação das placas tóxicas no cérebro, o medicamento contém o anticorpo sintético TTCM2. Este consegue reconhecer e “atacar” o acúmulo das proteínas tau no cérebro, agindo de forma a limpar a região cerebral.
O diferencial é a forma de entregar o medicamento, com o uso do spray nasal. Segundo os autores, o método contorna a barreira hematoencefálica, que é um dos desafios para a administração de remédios do tipo.
“Este método não apenas melhora a entrega de anticorpos monoclonais, mas também aumenta sua eficácia na limpeza da tau e na melhora das funções cognitivas”, pontua Rakez Kayed, professor de neurologia na UTMB e autor principal do estudo, em nota.
Após uma única dose do spray, os animais idosos apresentaram melhora nas funções cognitivas, ocorreu elevação das proteínas sinápticas e limpeza dos acúmulos de proteínas nocivas.
Tratamento contra Alzheimer
“O spray nasal abre novos caminhos para a administração não invasiva de anticorpos terapêuticos diretamente no cérebro”, destaca o professor Kayed. Em tese, também poderá ser usada contra outras doenças neurodegenerativas.
No entanto, ainda é preciso validar toda a pesquisa em mais ensaios pré-clínicos, com animais, e nas três fases dos estudos clínicos, envolvendo humanos, antes que o potencial medicamento chegue às farmácias.
Além dos novos tratamentos, a ciência também busca formas de acelerar o diagnóstico do Alzheimer. Este é o objetivo de pesquisadores da Universidade de Boston, nos EUA, que usam a Inteligência Artificial (IA) para detectar sinais precoces da doença na fala de uma pessoa.
Fonte: Science Translational Medicine, UTMB