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Spray nasal pode ser um aliado no combate à COVID-19

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Maio de 2021 às 15h20

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Fidel Forato/ Canaltech
Fidel Forato/ Canaltech

Para controlar a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2, inúmeras pesquisas buscam formas eficazes de inativar o vírus ou ainda reduzir os sintomas de pacientes da COVID-19. Neste cenário, evidências sugerem que o uso de um spray nasal, contendo uma solução salina, pode ser uma solução contra o agente infeccioso. Uma questão, no entanto, pode ser a durabilidade de seus efeitos. 

No momento, usar máscaras de proteção e adotar distanciamento social são as principais medidas adotadas contra a transmissão do coronavírus em todo o mundo, mas existiriam outras potenciais alternativas?  De acordo com um estudo in vitro, publicado como preprint — artigo que aguarda a revisão por pares — da Universidade Northwestern e da Universidade do Estado de Utah, ambas nos Estados Unidos, sim.

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Em casos da COVID-19, parte significativa da carga viral está centralizada na via aérea superior. Dessa forma, é válido pensar em uma alternativa de proteção exclusiva para esta região, como um spray nasal. A partir dessa premissa, os pesquisadores investigaram os efeitos de um spray nasal contendo xilitol e GSE, especificamente o Xlear, contra o agente infeccioso em laboratório.

Vale explicar que o xilitol é um adoçante que carrega propriedades antimicrobianas e pode agir da redução de inflamações. Já o GSE é um extrato de semente de toranja. Para entender os potenciais benefícios do spray nasal descobertos no estudo, o Canaltech conversou com Nathan Jones, fundador e CEO da Xlear, e também destaca apontamentos levantados pelos pesquisadores.

Estudos com o spray nasal contra o coronavírus

Os pesquisadores norte-americanos verificaram que os componentes do spray, o GSE e xilitol, eliminaram de forma significativa o vírus da COVID-19 nas amostras em laboratório. De acordo com o estudo disponibilizada na plataforma bioRxiv, “depois de 15 minutos de contato, o spray nasal reduziu o vírus de 4,2 para 1,7 log10 CCID50 por 0,1 mL" na amostra.

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“O potencial em salvar vidas e economias do mundo ao usar a terapia combinada de X-GSE deveria inspirar testes clínicos grandes, especialmente naquelas nações onde o sistema de saúde seria perigosamente comprometido com a adoção de terapias menos efetivas e mais demandantes financeiramente,” aponta o estudo desenvolvido pelas universidades norte-americanas, defendendo testes mais completos sobre o tema. 

Em paralelo, uma revisão sistemática publicada no Journal of Allergy and Infectious Disease também observou que sprays nasais poderiam ser ferramentas efetivas na defesa multicamadas contra o coronavírus. Entre as conclusões da análise de artigos científicos sobre o tema, os pesquisadores observaram que sprays diminuem a atividade viral na cavidade nasal, ou seja, a principal rota de entrada da infecção.

Spray como medida complementar no combate à COVID-19?

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"Lavamos as mãos, usamos máscaras e fazemos distanciamento social e, tudo na tentativa de reduzir a entrada do vírus em nossas vias respiratórias. O uso de sprays nasais que ajudam a limpar as vias aéreas continua esse processo dentro do nariz", defende o CEO Nathan Jones. Em outras palavras, seria uma medida complementar aos cuidados já adotados contra o coronavírus.

“Nós temos dados mostrando que determinado spray nasal, simplesmente, não nos livra do vírus. Certos sprays, na verdade, bloqueiam, desativam e/ou matam o vírus,” explica Gustavo Ferrer, especialista em doenças respiratórias que têm pesquisado o método para combater COVID-19. Inclusive, o cientista é um dos autores de um artigo que aguarda revisão, também publicado na bioRxiv, sobre o uso do GSE e xilitol contra o coronavírus. Na conclusão, o artigo aponta para a importância de testes com a substância em humanos.

Como funciona o spray nasal? 

"O GSE inativa o vírus, o xilitol demonstrou bloquear a adesão do vírus. Portanto, este é um bom 'soco' duplo", explica Nathan Jones sobre o funcionamento do spray contra as infecções do coronavírus. "Em teoria, qualquer spray nasal que contenha ingredientes que podem desativar ou bloquear a adesão pode ser útil. Existem vários sprays nasais que foram aprovados para COVID-19 em países como Israel, Reino Unido, Espanha e República Dominicana, todos atingindo o mesmo objetivo de desinfetar as vias aéreas superiores. Qualquer coisa que possamos fazer para diminuir a carga viral pode ser benéfica na redução dos sintomas", complementa Jones.

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Uma questão, no entanto, é que esta proteção pode não ser duradoura, ou seja, só aconteça no momento ou por alguns minutos após a aplicação. Afinal, os testes demonstraram a eficácia da substância in vitro. Com o avanço das pesquisas, respostas mais efetivas sobre a formação de proteção complementar deverão ser obtidas. 

Para acessar o estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Northwestern e da Universidade do Estado de Utah, clique aqui. Para conferir a revisão sistemática, acesse aqui. E para ler o estudo do pesquisidor Gustavo Ferrer, clique aqui.