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Spray de ocitocina é usado para o bem-estar, mas sem comprovação de eficácia

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Junho de 2022 às 16h58

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Thorsten Frenzel/Pixabay
Thorsten Frenzel/Pixabay

Muitas pessoas procuram melhorar o humor e ter sensações de bem-estar usando um spray nasal de ocitocina, o "hormônio do amor" — sem, no entanto, ler a bula ou buscar saber se o medicamento funciona para esses propósitos. Spoiler: não funciona, ou melhor, não há evidências científicas de que o produto tenha efeitos positivos no humor ou aumente o prazer sexual.

Normalmente produzido no hipotálamo, o hormônio é responsável por promover contrações uterinas, atuando no trabalho de parto e pós-parto para diminuir sangramentos após o nascimento e aumentar a produção de leite materno, já que gera pequenas contrações nos seios. Outras funções da ocitocina estão no metabolismo ósseo, no mecanismo do orgasmo, relações sociais e diminuição do medo.

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Prazer artificial?

A ocitocina ganhou uma versão sintética devido ao seu papel importante no parto e aleitamento, sendo aplicada intravenosamente quando um trabalho de parto não progride. Por sua relação com emoções positivas e o conhecimento de que é liberada quando estamos perto de pessoas amadas, foi apelidada de "hormônio do amor", trabalhando junto à serotonina, dopamina e endorfina e diminuindo o cortisol, causa estresse e ansiedade.

Também há a versão em spray da substância, utilizada para ajudar na amamentação, mas que tem sido utilizada indiscriminadamente por pacientes procurando se sentir melhor. A ciência testou esses casos: na Universidade de Viena, 30 casais nos quais a parceira tinha transtorno de desejo sexual hipoativo (ausência ou deficiência de libido) utilizaram o produto por 5 meses. Em comparação com o placebo, o efeito foi o mesmo — ou seja, a ocitocina não ajudou.

Para estímulos psicológicos ou sociais, o efeito registrado foi o mesmo. Em 2014, cientistas experimentou o potencial da droga de diminuir estímulos de medo em 62 voluntários: a conclusão foi que ele existe, mas que mais estudos são necessários para bater o martelo no uso.

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Com a maior parte dos estudos tendo esse resultado, a conclusão de uma revisão bibliográfica recente sobre o medicamento, feita pela Universidade de La Trobe estudando 17 trabalhos com 466 voluntários, diz serem necessários ensaios clínicos randomizados melhor projetados, sendo difícil concluir qualquer coisa definitiva sobre a ocitocina.

Especialistas não recomendam o uso do remédio para se sentir melhor, já que há circulação endógena do hormônio no corpo — ou seja, o produzimos naturalmente. A bula, inclusive, não indica nenhum benefício nesse sentido, e ainda alerta para efeitos colaterais: pacientes podem acabar irritando a cavidade nasal com o uso excessivo.

O uso indiscriminado pode causar, ainda, dores de cabeça, taquicardia, náuseas, vômitos, cólicas uterinas e até mesmo distúrbios gastrointestinais. É necessário aspirar muito do produto para chegar a esse ponto, mas há casos onde o paciente aumenta a dose por não sentir os efeitos que deseja até acabar sofrendo dos efeitos colaterais.

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A recomendação dos médicos? Procurar ajuda profissional no caso de qualquer distúrbio mental ou sexual, nunca recorrendo à automedicação.

Fonte: Folha de S. Paulo