Sobreviventes da covid-19 têm risco 60% maior para transtornos mentais
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 18 de Fevereiro de 2022 às 09h40
De acordo com um estudo publicado na revista científica British Medical Journal na última quarta (16), as pessoas que sobreviveram à covid-19 têm um risco 60% maior de adquirir problemas de saúde mental, ainda que a doença não tenha sido grave e a internação não tenha sido necessária.
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O estudo foi realizado usando dados da Veterans Health Administration, que opera o maior sistema de saúde dos EUA. Ao todo, os pesquisadores analisaram as informações de 154 mil pacientes com covid-19 entre março de 2020 e janeiro de 2021 e fizeram uma comparação com os dados de 11 milhões de pessoas que nunca tinham apresentado resultado positivo para a doença até o período em questão.
Segundo o artigo, os pacientes que se recuperaram da covid-19 foram 35% mais propensos a desenvolver ansiedade e 40% mais suscetíveis a depressão, dados que estão diretamente relacionados com um aumento do uso de antidepressivos (55%) e ansiolíticos (65%).
A análise menciona que esse público também foi 41% mais suscetível a distúrbios do sono e 80% mais propenso a desenvolver a temida névoa mental. O risco de pensamentos suicidas aumentou 46% para as pessoas anteriormente diagnosticadas com covid-19.
"Durante a fase pós-aguda da covid-19, os pacientes correm maior risco de desenvolver transtornos de saúde mental. Melhorar nossa compreensão do risco de transtornos de saúde mental em pessoas com covid-19 em longo prazo pode ajudar a orientar estratégias de atendimento durante essa fase", escrevem os pesquisadores.
"Descobrimos que os riscos de transtornos de saúde mental incidentes são substanciais em pessoas com covid-19 e abrangem várias categorias de transtornos, incluindo ansiedade, depressão, estresse e transtornos de adaptação, transtornos por uso de opioides e outras substâncias, declínio cognitivo e distúrbios do sono. Os riscos eram evidentes mesmo entre aqueles com covid-19 que não necessitaram de internação hospitalar. O combate aos distúrbios de saúde mental entre os sobreviventes da covid-19 deve ser uma prioridade", conclui o artigo.
Fonte: British Medical Journal