Situação da COVID-19 no Brasil está longe do fim, diz presidente da Anvisa
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 08 de Abril de 2021 às 18h20
Na pandemia do coronavírus (SARS-CoV-2), o Brasil enfrenta os piores momentos desde o primeiro caso da COVID-19, registrado em fevereiro de 2020. Desde então, foram mais de 240 mil óbitos, sendo 3,8 mil acrescentados nas últimas 24h, de acordo com o Conass. Diante desse cenário, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, apontou que a situação está longe do fim.
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Nesta quinta-feira (8), durante a audiência pública na Comissão Temporária da COVID-19 no Senado, Torres afirmou: “O entendimento que temos aqui na agência [a Anvisa], e não é um entendimento dos mais felizes, é que essa situação que atravessamos está longe do seu fim. Não há entre nós a convicção de que a fase pior tenha passado. Nós temos tido uma série de sinalizações de possibilidades ainda mais desafiadoras estão por vir no curto e no médio prazo”.
Na audiência, uma das questões abordadas foi a falta de imunizantes contra a COVID-19. Inclusive, questionaram o diretor-presidente da Anvisa sobre a possibilidade de produção de vacinas em plantas de produção veterinária, o que pode ser viável, desde que sejam feitos investimentos para a adaptação. “De fato alguns investimentos serão necessários, pois há que se fazer determinadas elevações de nível de segurança biológica desses, por assim dizer, laboratórios, dessas áreas de fabricação vacinal – talvez algumas capazes de dominar o ciclo completo, outras não, talvez mais direcionadas à questão do envase –, mas não é, na ótica da Anvisa, algo a ser descartado”, comentou.
De acordo com Barra Torres, a estrutura mundial terá que se reorganizar diante do coronavírus e os seus riscos, incluindo a adotada para a produção de insumos e imunizantes. "Nascerá um novo mundo dessa pandemia. E em setores da economia que, por uma ação fundamentalmente focada no capitalismo, tinham uma justificação, como a terceirização de áreas essenciais de produção em troca de mão-de-obra mais barata e questão fiscal mais atraente, hoje se dá por comprovado que quem fez essa escolha encontra-se em uma posição de refém diante da oferta de insumos essenciais que vêm do exterior — no caso concreto, basicamente de dois países [Estados Unidos e China]”, apontou.
Fiocruz deve ampliar produção de vacinas no Brasil
Presente na audiência pública, a presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, afirmou que o Brasil enfrenta dificuldades na importação do IFA (insumo farmacêutico ativo), ou seja, a matéria-prima necessária para o envase de vacinas contra a COVID-19, como a da Covishield (Oxford/AstraZeneca). No entanto, a situação deve mudar quando for assinado o contrato de transferência de tecnologia do IFA do imunizante, o que permitirá a produção 100% nacional da fórmula.
De acordo com Lima, a previsão é que o contrato de transferência de tecnologia para a Fiocruz seja assinado nas próximas semanas. Com isso, será possível entregar as vacinas produzidas, de forma integral, no Brasil a partir de setembro deste ano. “Temos IFA garantido para produção até o mês de maio. Mas o embaixador da China disse que estará acompanhando pessoalmente isso”, pontuou a presidente. Caso não sejam viáveis novas importações, o envasamento deve ser paralisado.
Fonte: Agência Brasil e Conass