Sinais de demência estão no sangue e podem ser encontrados, aponta estudo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 14 de Setembro de 2021 às 10h40
Em novo estudo, cientistas no Japão conseguiram identificar marcadores que estão associados à demência no sangue. De acordo com a pesquisa das Universidades de Okinawa e de Kyoto, os níveis de 33 metabólitos se diferenciavam entre pacientes com demência e pessoas saudáveis, na mesma faixa etária. No futuro, a descoberta deve auxiliar no tratamento dessa condição.
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Vale lembrar que a demência não é uma única doença, mas um termo usado para descrever um conjunto de sintomas, incluindo o declínio lento e, geralmente, irreversível da memória e da capacidade de tomar decisões ou de realizar atividades rotineiras. De todas as doenças associadas ao envelhecimento, a demência é uma das mais graves. No mundo, cerca de 55 milhões vivem com essa condição.
Hoje, a ciência sabe que a demência é causada por danos aos nervos dos indivíduos, mas a causa exata desses danos e os métodos de como ela pode ser detectada e tratada permanecem um mistério. Nesse cenário, a descoberta inicial dos pesquisadores japoneses pode indicar uma nova direção para o tratamento.
Afinal, o que são metabólitos?
Publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o estudo identificou níveis alterados de 33 metabólitos nos pacientes com demência. É importante entender que "os metabólitos são substâncias químicas produzidas por reações químicas vitais que ocorrem dentro das células e tecidos”, explicou um dos autores do estudo, Takayuki Teruya. “Nosso corpo, normalmente, mantém esses níveis em equilíbrio, mas à medida que envelhecemos e desenvolvemos doenças, como a demência, esses níveis podem flutuar e mudar”, completou Teruya.
Em outras palavras, os metabólitos são produtos do metabolismo (reações químicas do organismo) das mais diversas substâncias. Nesse processo, o produto dessas reações podem se alterar e, de alguma forma, eles se diferem nas pessoas com demência.
Metodologia do estudo
No estudo, os pesquisadores analisaram amostras de sangue coletadas de oito pacientes idosos com demência e de outros 16 indivíduos saudáveis, sendo 8 idosos e 8 jovens — este último grupo serviu como referência. Nessas amostras, foram medidos os níveis de 124 metabólitos diferentes no sangue.
No total, 33 metabólitos, divididos em 5 subgrupos diferentes, estavam relacionados à demência. Segundo os autores do estudo, sete desses compostos aumentaram em pacientes com a doença, enquanto 26 desses compostos mostraram uma diminuição nos níveis. Até então, 20 dos compostos nunca haviam sido previamente associados à demência. "A identificação desses compostos significa que estamos um passo mais perto de sermos capazes de diagnosticar molecularmente a demência", afirmou outro autor do estudo, Mitsuhiro Yanagida.
A pesquisa completa sobre os sinais de demência no sangue, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), pode ser acessada aqui.
Fonte: Science Blog