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Sangue de roedores jovens prolonga vida dos mais velhos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Julho de 2023 às 18h48

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Sabin Urcelay/Pixabay
Sabin Urcelay/Pixabay

Novos experimentos com animais indicam que o mito por trás da imortalidade dos vampiros, associado ao consumo de sangue fresco e jovem, pode ter algum fundamento. É o que indica um recente estudo, desenvolvido por pesquisadores da Harvard University e da Duke University, ambas nos Estados Unidos, com roedores.

Publicado na revista científica Nature Aging, o estudo revela que o compartilhamento de sangue entre camundongos jovens e idosos têm o poder de retroceder a idade biológica dos mais velhos, além de prolongar a vida útil após a separação no grupo sênior.

No entanto, há um custo bastante alto: a única forma de viabilizar essa troca de sangue, de forma satisfatória, é costurando os dois animais entre si e os mantendo nessas condições por três meses. Na ciência, esse tipo de procedimento é conhecido como parabiose. Outros estudos já chegaram a conclusões similares através da mesma técnica.

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Troca de sangue entre jovens e idosos é rejuvenescedor

No experimento estadunidense, foram selecionados camundongos com idades que variam entre 3 meses (os mais jovens) e 20 meses (os idosos). Alguns animais foram poupados da intervenção cirúrgica para que atuassem no grupo controle e que seus dados “normais” fossem comparados com os daqueles que estiveram em parabiose, como o tempo total de vida.

Segundo os pesquisadores, os roedores idosos que passaram pelo procedimento viveram, em média, seis semanas a mais do que os outros. Isso equivale a uma extensão de vida que varia de 6% a 9%. Em humanos, seria algo como seis anos extras de vida.

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Embora seja impressionante, outras estratégias pouco convencionais podem ser igualmente benéficas para prolongar a vida de roedores. Por exemplo, uma alimentação com restrição calórica pode fazer com que os camundongos vivam algo próximo de 25% mais, segundo um estudo anterior publicado na revista Ageing Research Reviews. Estudos nesta vertente já foram feitos com humanos também.

Como o sangue jovem impacta o organismo?

Voltando para a pesquisa mais recente, os dois grupos de roedores passaram por uma bateria de exames, buscando identificar o que mudou após a experiência de parabiose. De fato, os que receberam sangue jovem se tornaram mais novos, sendo possível medir isso através de biomarcadores e estes continuaram semelhantes após a separação. Outra vantagem foi a menor atividade de genes associados com a inflamação, o que é comum em idosos.

Ainda não se sabe o que necessariamente leva ao rejuvenescimento dos camundongos, mas existem algumas hipóteses. A primeira é de que o próprio sangue carregue proteínas e células com propriedades rejuvenescedoras, que têm um efeito poderoso nos idosos.

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A outra possibilidade não está necessariamente ligada com o sangue, mas com os órgãos dos animais mais jovens. Com a junção dos animais, o sangue mais velho é filtrado novamente por rins e fígados novos, considerados mais eficientes. Estes podem limpar o corpo dos componentes mais fortemente associados ao envelhecimento.

Mais experimentos com roedores conectados

Como já adiantamentos, outros estudos já observaram os impactos positivos na junção temporária. Este é o caso de um experimento liderado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS). Neste caso, eles descobriram que a exposição ao sangue juvenil conseguiu rejuvenescer os tecidos do organismo.

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Em outro estudo, organizado por cientistas da Universidade da Califórnia, foi testado o impacto de simples transfusões sanguíneas entre roedores jovens e velhos. Segundo os responsáveis, o sangue de um camundongo idoso acelera o envelhecimento no mais jovem. A ideia é de que o inverso também ocorre.

Caso de transfusões de plasma em humanos

Levando essas descobertas feitas em modelos animais ao extremo, algumas pessoas têm buscado receber transfusões de plasma de humanos jovens. Recentemente, viralizou o caso do empresário Bryan Johnson, de 45 anos, que recebe regularmente doses do sangue do seu filho adolescente de 17 anos.

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A questão é que, até o momento, não há nenhuma comprovação científica sobre os benefícios em humanos e nem protocolos seguros. Neste ponto, desde 2019, a agência federal Food and Drug Administration (FDA) faz alertas contra supostos tratamentos milagrosos envolvendo o sangue jovem.

"Nossas preocupações em relação aos tratamentos com plasma de doadores jovens são intensificadas pelo fato de que não há evidências clínicas convincentes sobre sua eficácia, nem informações sobre a dosagem apropriada para o tratamento das condições para as quais esses produtos estão sendo anunciados”, afirma a FDA. Por outro lado, há riscos infecciosos, alérgicos, respiratórios ou mesmo cardiovasculares, dependendo das quantidades injetadas.

Fonte: Nature AgingAgeing Research Reviews e FDA