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Ressonância do corpo inteiro é moda “arriscada” entre celebridades

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Outubro de 2023 às 10h51

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Pressmaster/Envato
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No mundo das celebridades e influencers, como Kim Kardashian, a nova tendência na área de saúde é a ressonância magnética (MRI) de corpo inteiro, feita como um exame de check-up para inúmeras doenças, incluindo câncer. Apesar da popularidade, especialistas alertam para a falta de evidências científicas apoiando o uso dessa estratégia, além dos riscos de falso positivos — quando o paciente recebe o diagnóstico para uma doença que não “existe”.

Do outro lado, entre os benefícios prometidos da ressonância de corpo inteiro, está a detecção precoce de casos de câncer, aneurisma, doenças hepáticas ou mesmo esclerose múltipla. É como se um único exame bastasse para detectar qualquer problema de saúde, de forma bastante precoce, ao realizar uma varredura completa do corpo, da cabeça aos pés.

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Por fim, a vantagem é que as ressonâncias magnéticas não liberam radiação ionizante para o organismo, ou seja, são seguras para exames de rotina. De fato, esta última parte é verdadeira, já que apenas a radiografia, tomografia computadorizada e PET Scan liberam radiação associada ao risco aumentado de câncer. Só que a história é repleta de meias-verdades.

Quanto custa o exame de ressonância magnética que viraliza nas redes?

Para fazer o exame queridinho das celebridades, como o da empresa Prenuvo, é preciso desembolsar US$ 2.499 — cerca de 12,6 mil reais. Por esta quantia, a pessoa será rastreada para mais de 500 doenças, incluindo diferentes tipos de câncer.

No mercado norte-americano, a Prenuvo, que fez a ressonância de corpo inteiro de Kim, tem outras concorrentes, como Ezra, simonONE e Neko Health.

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Cabe destacar que, no Brasil, empresas do tipo ainda não desembarcaram com essa proposta. Por aqui, o exame que escaneia o corpo inteiro é feito, mas quando há suspeita de alguma doença. O custo é de aproximadamente 6 mil reais, e está de fora da lista da Agência Nacional de Saúde (ANS) — que não torna obrigatória a cobertura dos planos de saúde.

Especialistas são contra o uso da ressonância magnética

Na área médica, o consenso é que a ressonância magnética de corpo inteiro não deve ser prescrita para qualquer paciente, apenas para aqueles com suspeita de alguma doença. É o que explica o Colégio Americano de Radiologia (ACR), após se posicionar de forma contrária a essa abordagem em abril deste ano, já que faltam evidências científicas para apoiar esse uso.

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"Até o momento, não há provas documentadas de que o rastreio corporal total seja efetivo e eficaz no prolongamento da vida”, pontua a entidade em nota. Hoje, a indicação é exclusiva para pacientes com:

  • Sintomas clínicos;
  • Fatores de risco ou histórico familiar sugestivo de doença subjacente;
  • Lesões conhecidas.

Sem esse direcionamento, “tais procedimentos podem levar à identificação de numerosos resultados não específicos que, em última análise, não melhorarão a saúde dos pacientes, mas resultarão em testes e procedimentos de acompanhamento desnecessários, bem como em despesas [médicas] significativas”.

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Quando bem aplicado, o exame pode ajudar no diagnóstico precoce de tipos específicos de câncer e também na compreensão do nível de metástase (câncer em estágio avançado) no corpo. Além disso, é válido na avaliação de doenças genéticas, sistêmicas ou musculares, por exemplo.

Risco dos falsos positivos

O problema do exame de ressonância magnética do corpo inteiro é quando não há um ponto específico a ser investigado, como um órgão trabalhando de forma “errada”. Nesses casos, o escaneamento mostrará qualquer tipo de anomalia — o que não é obrigatoriamente um câncer.

Na verdade, o corpo humano tem inúmeras anormalidades naturais, como caroços, massas e cicatrizes em órgãos, e tudo isso poderá ser detectado através da ressonância magnética. Só que, após identificar um desses achados, o exame sozinho não é capaz de dizer se ele é maligno ou benigno.

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Então, os pacientes com um possível resultado falso positivo precisarão se submeter aos testes tradicionais, como o PET Scan, que liberam radiação para o corpo, a fim de verificar a questão. Em alguns casos, a exposição se justificará pela detecção precoce da doença, mas, para a grande maioria, não.

“Quantos cânceres causaremos com a radiação que vem do PET Scan depois de fazer a ressonância magnética de corpo inteiro?”, questiona Michael Pignone, médico oncologista e pesquisador da Universidade do Texas em Austin, para o jornal NYT. Além desse potencial risco, os exames complementares são mais invasivos e irão aumentar os custos da saúde como um todo.

Para os especialistas, antes que empresas com essas propostas cheguem ao mercado, é preciso que validem os seus processos, reduzindo ao máximo o risco de um falso positivo, através de estudos científicos. Em paralelo, os exames de rotina, como a mamografia para o câncer de mama, não devem ser abandonados, já que podem salvar vidas hoje. E, há anos, seus benefícios na triagem são conhecidos pela medicina.

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Fonte: ACR e NYT