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Remédios tomados na infância podem afetar a saúde dos dentes, indica estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Novembro de 2022 às 15h27

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DegrooteStock/Envato
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Uso de remédios anti-inflamatórios em crianças pode ser um dos responsáveis por afetar a saúde dos dentes. Segundo cientistas da Universidade de São Paulo (USP), medicações do tipo, possivelmente, comprometem o desenvolvimento do esmalte dentário. No entanto, as descobertas são preliminares e mais investigações devem ser realizadas.

Publicado na revista Scientific Reports, o estudo sobre o impacto de remédios anti-inflamatórios no esmalte dos dentes foi liderado por pesquisadores das Faculdades de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) e de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (Fcfrp), ambas da USP.

De forma geral, os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são prescritos para o alívio da dor (analgésicos) em crianças. Entre os remédios testados, estão o celecoxibe e o indometacina.

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O que acontece com os dentes das crianças?

Através dos atendimentos médicos do centro de pesquisa, os especialistas identificaram um aumento considerável no número de crianças com os seguintes problemas nos dentes:

  • Dor;
  • Manchas brancas ou amarelas;
  • Sensibilidade e fragilidade dos dentes;
  • Maior incidência de fraturas, provocadas pela força da mastigação.
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Em consequência desses problemas, as cáries estão mais fraquentes. Segundo os cientistas, todos os relatos são de sintomas clássicos de defeitos de desenvolvimento do esmalte dentário, do tipo hipomineralização. Apesar do fato, a causa ainda era desconhecida.

Como foi feito o estudo para medir o efeito dos remédios nos dentes?

Para entender como os remédios para crianças afetam a saúde dos dentes, os pesquisadores usaram ratos como modelo animal do estudo, que durou 28 dias. Isso porque as cobaias possuem incisivos com crescimento contínuo, o que facilita a análise.

Após o período de testes com o celecoxibe e o indometacina, não era possível identificar alterações visíveis a olho nu nos dentes dos ratos. No entanto, ao extraírem os dentes, eles quebravam com maior facilidade. Além disso, exames complementares apontavam para a menor concentração de cálcio e fosfato — importantes para a formação do esmalte dentário. A densidade mineral também era menor.

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Próxima fase da pesquisa da USP

Agora, o próximo passo da pesquisa é entender como essas mudanças observadas em animais podem ser refletidas (ou não) em pessoas. Neste momento, será levantado o histórico de crianças em relação aos medicamentos avaliados.

Para isso, “vamos resgatar a história das crianças com defeitos [no esmalte dental] e seu uso dos medicamentos, e correlacionar, em um estudo clínico, esses dois dados para verificarmos se isso também ocorre em humanos", explica Francisco de Paula-Silva, professor da Forp e orientador do estudo, para a Agência Fapesp.

Dessa forma, "poderemos estabelecer o que deve ou não ser consumido e criar, no futuro, um protocolo de tratamento adequado” para crianças com os dentes em desenvolvimento, completa Paula-Silva.

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Fato histórico: a ciência já sabe que alguns medicamentos podem afetar a saúde dos dentes e, caso comprovada a questão dos anti-inflamatórios, esta não deve ser uma surpresa. Na história recente, o uso do antibiótico tetraciclina não é recomendado a crianças por causar manchas e escurecimento dos elementos dentais.

Fonte: Scientific Reports e Agência Fapesp