Reino Unido vai testar jornada de 4 dias de trabalho semanais
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Para entender se a redução da jornada de trabalho pode impactar positivamente (ou não) a produtividade dos funcionários, empresas do Reino Unido participam de um experimento no qual a semana de trabalho será encurtada para apenas 4 dias. O projeto deve durar seis meses e envolve 70 companhias britânicas, somando 3 mil colaboradores.
- OMS define síndrome de Burnout como doença do trabalho a partir de 2022
- O que é CID no atestado médico?
O experimento sobre a semana de trabalho de 4 dias é liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Cambridge, além do grupo Autonomy. Caso o projeto revele a mesma produtividade ou que ela aumente entre os colaboradores com o novo modelo, é possível que o mercado de trabalho passe por uma transformação.
Como vai funcionar o estudo?
Entre a lista de companhias participantes, é possível observar diferentes tipos de negócios que entraram no projeto. Por exemplo, empresas de desenvolvimento de software e de recrutamento ou ainda instituições de caridade. Curiosamente, um mercado de peixes e uma cervejaria também estão incluídos entre as 70 organizações.
A orientação é que todos os contratantes mantenham, pelos próximos seis meses, a remuneração integral do salário de seus funcionários. No entanto, cada trabalhador deverá cumprir uma jornada 80% menor que a atual.
Por que reduzir a semana de trabalho para 4 dias?
A hipótese que se busca comprovar com o experimento é de que, apesar da redução da jornada, é possível aumentar a produtividade de cada trabalhador. "Apontamos que não há correlação positiva entre produtividade e quantidade de horas trabalhadas por dia", explica o grupo Autonomy, em comunicado.
Através do projeto, a equipe ainda explica que "consideramos pesquisas sobre a importância do tempo de folga para nossa saúde mental e física e para nossa sensação de bem-estar em geral". Aqui, vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a síndrome de Burnout como uma doença do trabalho em 2021. Inclusive, existe um CID específico para a condição (QD85).
"Estamos fazendo isso para melhorar a vida de nossa equipe e fazer parte de uma mudança progressiva no mundo, que melhorará a saúde mental e o bem-estar das pessoas", afirma Sam Smith, cofundador da empresa Pressure Drop Brewery — uma das organizações participantes da iniciativa —, para o canal BBC.
Mudança é controversa
Apesar do otimismo, o experimento é controverso. O economista Julian Jessop está "cético" com o projeto, já que "você [ou qualquer outro trabalhador] teria que se tornar 25% mais produtivo por dia".
Além disso, ele acrescenta que "existem alguns serviços onde uma semana de trabalho de quatro dias não é uma opção realista". Neste caso, Jessop cita o exemplo dos médicos que não poderiam reduzir a sua jornada, sem impactar o atendimento das pessoas.