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O que torna a nova variante do coronavírus mais contagiosa?

Por| 06 de Janeiro de 2021 às 15h00

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fernando zhiminaicela/Pixabay
fernando zhiminaicela/Pixabay

De acordo com as autoridades de saúde britânica, a nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 é mais contagiosa do que as outras cepas do mesmo agente infeccioso, no entanto, ainda não está claro quais motivos permitem isso. Inclusive, dois pacientes foram diagnosticados no Brasil com a variante de origem britânica, a B.1.1.7. Agora, pesquisadores brasileiros apontam fatores que contribuem para a disseminação mais rápida da COVID-19.

Através de análises computacionais, pesquisadores das faculdades de Medicina (FMRP) e de Odontologia (FORP) da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, investigaram o porquê de a nova variante do coronavírus ser mais contagiosa. A partir dessa pesquisa, os resultados foram publicados na plataforma bioRxiv, em forma de preprint — artigo ainda sem revisão por pares; ou seja, ainda será avaliado para que as análises sejam confirmadas.

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Para entender o que faz da nova variante ser mais contagiosa, os pesquisadores investigaram a proteína spike (espinho) da nova cepa, presente na membrana celular, já que é através dela que o vírus da COVID-19 invade as células de pessoas saudáveis. De acordo com os resultados do estudo preliminar, essa proteína estabelece uma maior força de interação molecular com o receptor ACE2, presente na superfície das células humanas e com o qual o coronavírus se conecta, durante a infecção.

O que significa a mutação do coronvírus?

Em outras palavras, os spikes deste coronavírus se conectam, de uma forma mais eficaz, com a porta de entrada das células humanas, o receptor ACE2. Segundo o grupo, esse aumento na força de interação molecular da nova linhagem já foi verificado em uma mutação no resíduo de aminoácido 501 da proteína spike, chamada de N501Y, e que deu origem a essa variante do vírus da COVID-19.

“Vimos que a interação entre a proteína spike da nova cepa do coronavírus com a mutação N501Y é muito maior do que a apresentada pela primeira linhagem do vírus isolado em Wuhan, na China”, explicou Geraldo Aleixo Passos, professor da FMRP e da FORP-USP e coordenador do projeto, para a Agência FAPESP.

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Com o surgimento da nova variação britânica, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a mutação N501Y, presente na proteína spike da nova variante, poderia ser um dos fatores responsáveis pela alta taxa de contágio da nova linhagem do coronavírus. “Existem outras mutações no genoma dessa linhagem que não analisamos. Focamos na N501Y porque ela está implicada na ligação da proteína spike com o ACE2”, comentou o pesquisador Passos.

Testes para verificar a mutação

Para verificar essa hipótese de que a maior capacidade de infecção era causada por alterações na força de interação entre a proteína spike mutante e o receptor humano, os pesquisadores brasileiros começaram os testes computacionais. Para isso, foram utilizadas estruturas tanto da proteína spike do SARS-CoV-2 isolado em Wuhan e da linhagem identificada pela primeira vez no Reino Unido, disponíveis em um banco de dados internacional.

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Através do software PyMOL, os pesquisadores simularam e analisaram as possíveis interações entre as proteínas spikes e as células humanas. “Esse software permite visualizar imagens dessas estruturas moleculares com uma aproximação de 3.5 angstrom de campo, muito maior do que as imagens geradas até mesmo por um ultramicroscópio”, afirma Passos. Além disso, foi utilizado o software PDBePISA nas comparações.

Dessa forma, foi possível comprovar a hipótese, de forma inicial. Agora, os resultados do estudo devem estruturar novos experimentos in vitro, ou seja, em culturas de células humanas, que poderão confirmar que essa nova variante do coronavírus é, de fato, mais contagiosa do que as outras. Vale ressaltar que mais contagiosa não é um sinônimo para uma cepa mais perigosa ou, até mesmo, mortal. Já que a ainda não é possível avaliar com maior detalhe se ela é mais ou menos patogênica, completa o pesquisador.

Para ler o artigo publicado na plataforma bioRxiv, clique aqui.

Fonte: Agência Fapesp