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Quimioterapia pode modificar as células do pulmão; entenda o efeito indesejado

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Novembro de 2021 às 08h30

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Spectral/Envato
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Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio (OSU) descobriram um efeito indesejado da quimioterapia para o tratamento do câncer de mama: a terapia pode aumentar a propagação do câncer para além do tumor primário, pelo menos em roedores. No estudo, foi possível observar que as células do câncer de mama conseguiram se fixar no revestimento dos vasos sanguíneos nos pulmões. Os impactos desse movimento ainda estão em análise.

Publicado na revista científica International Journal of Molecular Sciences, o estudo investigou os efeitos do medicamento ciclofosfamida (CTX), usado na quimioterapia. Segundo os autores, o quimioterápico pode aumentar a capacidade das células do câncer de mama de migrarem e causarem complicações nos pulmões.

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Isso porque a medicação modifica as células que revestem os vasos sanguíneos nos pulmões, facilitando para as células cancerosas penetrá-los. É como se esta fosse uma reação adversa ao tratamento que não se limita apenas aos tumores, mas pode impactar outras regiões do corpo.

O pesquisador da OSU, Tsonwin Hai, conta que o objetivo do estudo era entender se a quimioterapia afetava as células normais, e se isso poderia ajudar as células cancerosas. Para Hai, "a resposta é sim". No entanto, mais estudos ainda são necessários e a evidência não aponta para o descarte deste tratamento. Por enquanto, esta "é uma nota de advertência para o uso de quimioterapia" e deve contribuir com a análise de risco e benefício do procedimento.

Entenda o estudo sobre os efeitos da quimioterapia

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores trataram ratos saudáveis ​​com o remédio CTX. Em seguida, esperaram quatro dias para que os animais metabolizassem e excretassem a medicação. Os ratos foram então injetados com células de câncer de mama, e o acúmulo dessas células nos pulmões dos animais foi monitorado.

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Em comparação com um grupo controle — aqueles roedores que não receberam o CTX —, os camundongos tratados apresentaram concentrações mais altas de células cancerosas nos vasos sanguíneos de seus pulmões três horas após a injeção.

Dessa forma, eles concluíram que a fórmula aumentava a permeabilidade desses vasos sanguíneos. Além disso, foi possível observar que o quimioterápico alterava a membrana basal subjacente, o que permitia que as células cancerosas se fixassem no interior dos vasos.

"As células endoteliais que revestem o lado interno do vaso sanguíneo são como uma parede de tijolos, e cada tijolo está firmemente aderido ao próximo", ilustra Hai. "O que descobrimos quando tratamos camundongos com quimioterapia é que ela deixa o vaso vazando, então a junção não é mais tão rígida e as células cancerosas podem se espremer através da camada de tijolo", completa o pesquisador.

"Nossos dados revelaram que a quimioterapia age sobre as células não cancerosas e desencadeia mudanças no pulmão, de modo que dentro de três horas após a chegada das células cancerosas, elas já podem aderir muito bem", afirma Hai. Agora, mais estudos são necessários para entender se os riscos são replicados em humanos.

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Publicado na revista científica International Journal of Molecular Sciences, este estudo foi apoiado pelo Departamento de Defesa (DOD), dos Estados Unidos. Para conferir o texto na íntegra, clique aqui.

Fonte: IFL Science e ScienceDaily