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Quem teve resfriado comum pode ter imunidade à COVID-19, diz estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Agosto de 2020 às 16h29

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 Polina Tankilevitch / Pexels
Polina Tankilevitch / Pexels

A COVID-19 ainda é sinônimo de muito mistério na área da medicina, e um estudo recente da University College de Londres, publicado na revista científica Science na última terça-feira (4), levantou uma questão pertinente sobre a doença: será que pessoas que contraíram vírus de resfriado comum podem ganhar imunidade? 

De acordo com um estudo anterior realizado na Alemanha, pessoas que nunca foram infectadas pelo vírus SARS-CoV-2, o causador da COVID-19, podem possuir imunidade contra esse patógeno caso já tenham sido infectadas por outros tipos de coronavírus que só causam resfriados mais amenos. Algumas das primeiras dicas de imunidade pré-existente vieram das células T, os glóbulos brancos que destroem as células infectadas no corpo ou ajudam outras partes do sistema imunológico a atingir um patógeno invasor.

Dos 68 doadores saudáveis ​​que foram testados e que foram considerados negativos, 24 tinham um pequeno número de células T no sangue que reagiram quando expostas à proteína spike (S) — uma estrutura complexa de formato espinhoso que se projeta da superfície externa do vírus. O estudo explica que as células em questão produziam proteínas em suas superfícies, uma indicação de uma resposta imune. 

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Já esse estudo da Science, liderado pelo biólogo colombiano José Mateus, do Instituto de Imunologia de La Jolla, na Califórnia, descreve como amostras de sangue coletadas antes de 2019, quando o SARS-CoV-2 ainda não estava circulando, foram capazes de reagir contra este vírus. A resposta imune contra o patógeno foi do tipo celular, na qual linfócitos T, uma classe específica de células do sistema, atacam outras células infectadas.

O estudo identificou que o mesmo mecanismo de ataque que já existe em algumas pessoas contra o SARS-CoV-2 se aplicava aos outros coronavírus de resfriado, especificamente os vírus OC43, 229E, NL63 e HKU1. Os responsáveis pelo trabalho apontam que a "memória" imune gerada por essas células pode ajudar a explicar por que o impacto da COVID-19 varia mesmo entre pacientes com mesma faixa etária e perfil, e defendem que a variedade de memórias de células T aos coronavírus que causam o resfriado comum pode estar por trás de pelo menos parte da heterogeneidade observada na COVID-19", escreveram os cientistas.

Apesar da hipótese ter aquecido o debate sobre outros tipos de vírus desencadearem memória imunológica no organismo humano, ainda é cedo para ter certeza. "É necessário estudar pessoas antes e depois de terem sido infectadas", levanta Nina Le Bert, imunologista da Duke-NUS Medical School, em Singapura, que também estuda o processo de defesa do organismo ao novo coronavírus.

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Fonte: Science, via The Scientist