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Quem teve dengue pode ser mais resistente ao coronavírus, sugere estudo

Por| 22 de Setembro de 2020 às 18h49

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 shammiknr/Pixabay
shammiknr/Pixabay

Desde que passou a atingir a população, a COVID-19 tem se mostrado um verdadeiro mistério para a área da medicina, principalmente quando se trata de sua relação com outras doenças. Justamente com isso em mente, a Universidade Duke, na Carolina do Norte, dos EUA, trouxe à tona um estudo apontando que lugares em que grande parte da população contraiu dengue no ano passado e no começo deste ano demoraram mais tempo para ter transmissão de COVID-19 e registraram números menores de casos e de mortes.

O estudo, liderado pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis, observa a possibilidade de que vacinas para a dengue possam provocar alguma forma de proteção contra a COVID-19. Segundo a pesquisa, pode haver uma correlação negativa entre incidência, mortalidade e taxa de crescimento da COVID-19 e o percentual da população com níveis de anticorpos para dengue no Brasil.

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A análise da disseminação geográfica da COVID-19 no Brasil percebeu que determinadas regiões do país inexplicavelmente não tiveram casos. Com essa questão em mãos, o cientista brasileiro verificou que os casos de dengue no Brasil em 2019 e 2020 ocupavam exatamente essas regiões sem casos da COVID-19.

Além disso, lugares que tiveram alta incidência de dengue nesse período (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais) levaram muito mais tempo para atingir um patamar de elevada transmissão comunitária de COVID-19 do que Estados como Amapá, Maranhão e Pará, por exemplo, que tiveram poucos registros de dengue no mesmo período, de acordo com o estudo. Em contrapartida, a pesquisa também aponta que em regiões com alta densidade demográfica há uma prevalência da COVID-19 mesmo quando há uma alta incidência de dengue.

COVID-19 cresce, dengue cai

O estudo ainda menciona dados do Ministério da Saúde que dizem que os casos de dengue no Brasil começaram o ano em um ritmo muito mais acelerado do que em 2019, mas tiveram uma queda brusca a partir da semana epidemiológica de número 11 (encerrada em 13 de março), diretamente proporcional a uma aceleração dos casos de COVID-19. Esses dados ainda reiteram que o surto de dengue se encerrou no país semanas antes do que no ano anterior, enquanto a COVID-19 fez apenas avançar.

Nicolelis, neurocientista brasileiro por trás desse estudo da Universidade Duke, ainda levantou dados para a correlação entre dengue e coronavírus para outros 15 países da América Latina, África e Ásia, e o comportamento se repetiu. Vale ver que a equipe também comparou as estatísticas de COVID-19 com os dados de chikungunya, doença que também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti no Brasil, e não houve qualquer correlação.

Como ainda não há tratamento ou vacina disponíveis para COVID-19, o cientista defende que seu estudo pode abrir  portas para uma possível forma de combater a pandemia. “Evidentemente que este é um estudo preliminar do ponto de vista do que fazer, mas ele abre uma porta que pode ser rapidamente explorada, e se ela for verdadeira, você pode ter um grau de proteção para coronavírus se você teve dengue ou se você é imunizado para dengue. Eu não sei dizer qual é a porcentagem, mas ela é suficiente para aparecer nesses gráficos. Alguma coisa existe”, afirmou, durante entrevista para a agência de notícias Reuters.

Fonte: Reuters