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Quase 90% dos genes humanos já foram citados em estudos de câncer; e agora?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Novembro de 2021 às 15h06

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Colin Behrens/Pixabay
Colin Behrens/Pixabay

O câncer não é uma doença única. Na verdade, os tumores malignos envolvem uma ampla gama de tipos e, consequentemente, têm diferentes origens genéticas. Em números, mais de 200 tipos diferentes de câncer são conhecidos em humanos. Nesse cenário, um pesquisador da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, fez uma curiosa descoberta: 9 em cada 10 genes humanos já foram mencionados em pelo menos um estudo relacionado a esta doença.

Publicado na revista científica Trends in Genetics, o levantamento do cientista e professor João Pedro de Magalhães vai além. Para Magalhães, aqueles genes que ainda não foram associados a nenhum tipo de câncer, provavelmente serão, dentro dos próximos anos.

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Dessa forma, a busca por potenciais alvos terapêuticos é muito mais difícil, já que os genes envolvidos, de alguma forma, podem chegar a 90%. O fato de quase todos os genes humanos terem relação com "o" câncer pode atrasar estudos que buscam entender as causas genéticas da formação desses tumores.

Câncer é a doença mais estudada nas ciências biológicas

As descobertas do pesquisador da Universidade de Liverpool foram baseadas em estudos publicados no portal PubMed. A plataforma abarca dezenas de milhões de artigos sobre ciências da vida e tópicos biomédicos, inclusive alguns artigos ainda da década de 1950. “O câncer é o tema mais estudado nas ciências biológicas e biomédicas”, afirma o cientista.

No total, o banco de dados do PubMed, plataforma que agrega artigos de revistas científicas, tem cerca de 30 milhões de publicações, sendo que cerca de 4 milhões envolvem estudos sobre o câncer. Para comparar, apenas 350 mil envolvem pesquisas sobre derrame cerebral (AVC).

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"No entanto, a enorme quantidade de dados coletados sobre o câncer significa que há muito mais informações sobre os genes associados ao câncer do que para qualquer outra doença ou processo", comenta Magalhães, após a análise.

Desafio: descobrir quais genes são importantes

Possuir uma enorme concentração de dados sobre pesquisas envolvendo o câncer pode ser útil na busca por novos tratamentos, curas e uma melhor compreensão da doença, mas existe também um lado negativo, a dificuldade em selecionar o que é, de fato, relevante. É algo como o dilema das redes sociais, onde milhões de vozes ganham espaço e poucos conseguem se escutar.

Provavelmente, os genes que têm relação direta com a formação de tumores se perderam entre tantos dados. Isso porque os artigos não apontam necessariamente para uma associação causal entre genes específicos e câncer, apenas que a maioria dos genes humanos foi estudada em um contexto que envolve a doença.

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"O estudo de quase qualquer gene humano pode ser justificado com base na literatura existente por sua relevância potencial para o câncer", afirma Magalhães. "Compreender os motivos dos vieses em análises em grande escala e corrigi-los é de crescente importância para aumentar o valor dos insights e previsões", aposta.

“Em um mundo científico onde tudo e todos os genes podem ser associados ao câncer, o desafio é determinar quais são os principais impulsionadores do câncer e os alvos terapêuticos mais promissores”, completa.

Para conferir o estudo completo, publicado na revista científica Trends in Genetics, clique aqui.

Fonte: ScienceAlert