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Quantos anos viviam os humanos antigos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Abril de 2023 às 11h12

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 sgrunden/Pixabay
sgrunden/Pixabay

Embora a evolução não seja obrigatoriamente um sinônimo para avanço, é possível dizer que a expectativa de vida da humanidade está aumentando há milhares de anos, com longos (bem longos) períodos de estabilidade. Hoje, a ciência sabe que os humanos antigos viviam menos de 30 anos.

Apesar da média aproximada, medir quantos anos os humanos antigos viviam é uma tarefa bastante complexa. Os estudos científicos dependem de fósseis e vestígios encontrados para traçar suas análises, o que nem sempre representa a totalidade daquele momento.

Por exemplo, em um dos recentes estudos que buscam estimar a expectativa de vida dos humanos antigos, os cientistas analisaram o desgaste dentário em espécimes de Homo sapiens e Homo neanderthalensis. Atualmente, a avaliação dentária ainda é um método importante, sendo usado corriqueiramente nos Institutos Médicos Legais (IML) para além da paleontologia.

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Tempo de vida e expectativa de vida

Antes de seguirmos, é preciso fazer uma distinção importante entre tempo e expectativa de vida. O primeiro se refere aos indivíduos, enquanto o outro é estimado a partir de análises envolvendo um grupo. Dessa forma, ambos podem ser muito diferentes.

Por exemplo, o ser humano que por mais tempo permaneceu vivo na Terra é a francesa Jeanne Louise Clement (1875-1997). Segundo o Guinness World Records, ela teria vivido por cerca de 122 anos. Apesar do seu tempo de vida recordista, não se pode dizer que a expectativa de vida global é de 122 anos.

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Na verdade, em 2022, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que a expectativa média do brasileiro era de 77 anos. Muito menor que o tempo de vida alcançado por Clement. São 45 anos de diferença.

Quantos anos viviam os humanos antigos?

Publicado na revista científica Journal of Molecular Evolution, um estudo que revisitou a evolução da expectativa de vida humana ao longo dos milênios aponta que “a duração da vida começou a aumentar para depois dos 30 anos, aproximadamente há 30 mil anos” . Em outras palavras, os humanos antigos viviam, como população, menos de 30 anos.

Em outro estudo, publicado na revista American Journal of Physical Anthropology, os autores explicam que “o aumento da longevidade, expresso como a proporção de adultos que sobrevivem até a idade adulta, representa uma forma importante pela qual os europeus do Paleolítico Superior [50 mil anos a 12 mil anos a.C.] se diferem das populações europeias anteriores”. Aqui, eles reafirmam o pequeno salto na expectativa de vida no período, sem citar idades aproximadas.

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Quais eram as causas da morte dos humanos antigos?

Existem inúmeras possíveis causas para explicar a baixa expectativa de vida entre os humanos antigos e as gerações que nasceram até os anos 1800 (pré-Revolução Industrial). Por exemplo, a falta de higiene e a inexistência de saneamento básico na maioria das culturas facilitavam a disseminação de doenças infecciosas. Outro problema era a questão alimentar (ter ou não comida disponível).

Além disso, algo que reduzia (e muito) a expectativa de vida era a mortalidade infantil. Passados milhares de anos, na Idade Média, a partir do ano 476, a mortalidade infantil ainda chegava a 30%. Apesar disso, os indivíduos que sobrevivessem à primeira infância tinham altas chances de viveram mais de 35 anos.

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Expectativa de vida atual dos humanos

O salto mais recente na expectativa de vida humana ocorreu apenas há 200 anos, com a Revolução Industrial. Segundo a plataforma de dados Our World in Data, no início dos anos 1800, nenhum país do mundo tinha uma expectativa de vida superior a 40 anos. Dali em diante, melhorias nos níveis de higiene, a chegada do saneamento básico e os avanços da medicina começaram a alterar o tempo médio de vida das populações.

Em 2021, a expectativa média mais alta entre os continentes é a da Oceania, com 79,5 anos. Nas Américas, a média cai para 74,8 anos. A mais baixa é a do continente africano — o mais pobre e com maior falta de acesso a inúmeras conquistas proporcionadas pela Revolução Industrial —, com 62,2 anos, sendo 17,3 anos menor que a mais alta. A questão confirma a ideia de que o quanto um grupo vive depende mais do meio em que ele está inserido do que em fatores biológicos.

Para os próximos 100 anos, a ciência ainda precisará entender como o aumento da obesidade entre os humanos e a baixa adesão aos exercícios físicos irão impactar o futuro da expectativa de vida. Por outro lado, os últimos avanços da mesma ciência, como o uso de mRNA (RNA mensageiro) no combate ao câncer e o controle de outras doenças irão prolongar a vida de inúmeros indivíduos, superando condições mortais e nunca imaginadas pelos humanos antigos.

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Fonte: Journal of Molecular Evolution, American Journal of Physical Anthropology e Our World in Data