Quanto por cento do cérebro nós usamos?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
O cérebro humano ainda é um dos maiores mistérios para a ciência e alguns comportamentos ainda não são entendidos. Por outro lado, os pesquisadores já descobriram quanto por cento do cérebro usamos. É um mito a ideia de que apenas 10% dele é usado e que os outros 90% estão inativos, já que ele funciona em sua totalidade ao longo do dia (100%).
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A criação do mito de que usamos apenas 10% do cérebro é relativamente nova. Segundo a Encyclopedia Britannica, uma das primeiras menções sobre o quanto por cento do cérebro usamos é de 1936, citada em um livro de autoajuda Como fazer amigos e influenciar pessoas. A alegação também já foi erroneamente atribuída ao psicólogo norte-americano William James. Até o físico Albert Einstein foi falsamente atribuído como autor.
Apesar da origem ser incerta do quanto do cérebro usamos, o mito sobre a capacidade cerebral é bastante popular. Em pesquisa da Fundação Michael J. Fox, com 2 mil adultos norte-americanos, 65% deles acreditavam que o ser humano usava apenas 10% do cérebro diariamente.
O cinema também comprou essa “ideia” no filme Lucy, com a protagonista Scarlett Johansson. No longa, um tipo de remédio desperta todo o seu potencial mental, fazendo com que ganhe a habilidade de telecinese, por exemplo. Para as pessoas normais, esses possíveis recursos mentais não são alcançáveis. Talvez, seja isso que torne o mito tão tentador no imaginário popular.
Quanto do cérebro usamos?
O ser humano usa 100% do seu cérebro durante o dia, mas isso não significa que todas as partes estão ativadas simultaneamente, incluindo todos os neurônios e as células gliais. “Entendemos que diferentes áreas do cérebro funcionam separadamente e juntas para nos permitir coordenar tarefas complexas. Então, a qualquer momento podemos estar usando 10% ou 100% do nosso cérebro, dependendo do que estamos fazendo”, explica a cientista Amy Reichelt, da UNSW Sydney, na Austrália, em artigo para o site The Conversation.
“Mesmo durante o sono, áreas como o córtex frontal, que controla o pensamento de alto nível e a autoconsciência, ou as áreas somatossensoriais, que ajudam as pessoas a sentir o ambiente ao seu redor, estão ativas”, conta a neurologista John Henley, da Mayo Clinic, nos Estados Unidos, para a revista Scientific American. Então, "as evidências mostram que, em um dia, você usa 100% do cérebro", acrescenta.
Entender quais áreas do cérebro são ativadas ao longo do dia é uma capacidade recente da ciência. Isso é possível através de exames de imagem, como tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética funcional (fMRI). Através dessas técnicas, é possível mapear a atividade cerebral em tempo real e afirmar, de uma vez por todas, que todo o cérebro é usado.
Todo o cérebro é importante
Além disso, a ciência já sabe que o cérebro não é uma estrutura uniforme, mas que todas as suas estruturas são importantes, mesmo que não sejam compreendidas em sua totalidade. Nesse caso, a cientista Reichelt cita as complicações de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). “Dependendo da área danificada, diferentes funções cerebrais são interrompidas. Por exemplo, uma lesão no córtex motor pode levar à paralisia de um lado do corpo”, pontua.
Como não é verdade que usamos apenas 10% do cérebro, a principal forma de desbloquear novas habilidades é através do estudo e da dedicação. Sem uma fórmula mágica, é preciso que o órgão seja constantemente estimulado para que se obtenha o máximo do seu potencial em recursos mentais e físicos. Inclusive, o Canaltech já compartilhou um especial sobre como malhar o cérebro, segundo a neurociência.
Fonte: Encyclopedia Britannica, Fundação Michael J Fox, Scientific American, The Conversation