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Qual o risco do vírus Nipah chegar ao Brasil e provocar nova pandemia?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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A Índia enfrenta um novo surto do vírus Nipah — agente infeccioso capaz de provocar quadros de encefalite e que é conhecido pela alta taxa de letalidade. Diante do mundo globalizado, é válido se perguntar quais são os riscos de outra pandemia e do patógeno chegar ao Brasil. Segundo especialistas, as chances são baixas para os dois cenários.

Antes de seguir, vale explicar que uma pandemia do vírus Nipah implicaria na disseminação global do agente infeccioso, como ocorreu com o coronavírus SARS-CoV-2 e a covid-19 em 2020. Para isso acontecer, são necessários alguns fatores ainda não observados no atual surto da Índia.

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Até o momento, os cinco casos confirmados de infecção pelo vírus Nipah estão concentrados no estado de Kerala, e as autoridades de saúde adotam estratégias para conter o surto. Cabe mencionar que o mesmo estado já controlou, com sucesso, outros três surtos. Esta experiência é fundamental para conter uma possível pandemia.

Risco do vírus Nipah no Brasil

"Atualmente, todos os casos relatados estão relacionados às regiões geográficas onde são encontrados morcegos [do gênero Pteropus] que carregam o vírus [Nipah]”, explica Helena Lage Ferreira, médica veterinária e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, para a BBC Brasil.

“Por isso, o Brasil não tem um risco atual para a introdução do Nipah", complementa Ferreira. A eventual introdução do agente infeccioso só seria possível se chegasse através de viajantes — por isso, o monitoramento das autoridades internacionais de saúde é fundamental.

Diferente do Brasil, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já identificou o vírus em morcegos frugívoros — que se alimentam de frutas — no Camboja, Gana, Indonésia, Madagascar, Filipinas e Tailândia. Além destes países, o agente infeccioso já foi encontrado na Malásia, Bangladesh e Índia.

É importante destacar que, hoje, a transmissão do vírus através de morcegos é considerada a principal causa de contágio, embora outras formas de transmissão possam ocorrer, inclusive entre humanos.

Pandemia do vírus Nipah é possível?

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De fato, a globalização e a maior circulação entre pessoas de diferentes países aumentam os riscos de uma pandemia, quando um novo vírus surge no mundo. No entanto, é também um fato que existam formas efetivas de controlar um surto quando este ainda é restrito, como ocorre com o Nipah na Índia.

"O mais importante está justamente em rastrear os pacientes e os contatos próximos deles, para evitar que uma pessoa com vírus se desloque para outros locais e crie novas cadeias de transmissão", afirma Fernando Spilki, virologista e pesquisador da Universidade Feevale.

Neste ponto, as autoridades indianas estão fazendo o que é necessário. Após os casos identificados, mais de 700 pessoas, incluindo cerca de 150 profissionais de saúde, já foram testados para o vírus que provoca um tipo de encefalite mortal. Os resultados dos novos testes ainda não foram divulgados, mas o controle está sendo feito.

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Além do rastreio de contatos próximos, outra medida fundamental é que as autoridades sanitárias e os governos de todo o mundo ativem um sinal de alerta. "Principalmente para monitorar indivíduos que apresentam sintomas sugestivos e passaram pela região de surto", acrescenta Spilki.

Vacina contra o vírus Nipah da Índia

Hoje, ainda não existem vacinas e nem tratamentos oficialmente aprovados para conter a doença provocada pelo Nipah. No entanto, se tudo sair do controle em relação ao vírus e outras regiões na Índia forem afetadas por surtos, a boa notícia é que diferentes equipes de pesquisa no mundo já desenvolvem vacinas contra esta doença, segundo a GAVI Alliance. Em tese, esse processo poderia ser acelerado.

Entre os casos de destaque na área de pesquisa, está uma vacina que usa a tecnologia do mRNA (RNA mensageiro) para imunizar contra o vírus. Em paralelo, existe outro potencial imunizante que adota um vetor viral para sensibilizar o sistema imunológico contra o Nipah.

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Além disso, um centro de pesquisas em Bangladesh investiga biomarcadores encontrados em cerca de 50 sobreviventes do Nipah para compreender melhor a resposta do corpo ao vírus e apoiar o desenvolvimento de vacinas específicas.

Fonte: GAVI e BBC