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Psilocibina melhora sintomas de depressão por pelo menos 3 semanas [estudo]

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Microgen/Envato Elements
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Um novo estudo do Centro de Pesquisa Psicodélica do Imperial College de Londres, publicado nesta última segunda-feira (11) na revista científica Nature Medicine, buscou analisar os efeitos da psilocibina em pacientes depressivos, os acompanhando desde o início da administração da substância a até três semanas depois. David Nutt e Robin Carhart-Harris são os autores principais, e temos a brasileira Bruna Giribaldi como uma das co-autoras.

Para a pesquisa, foi utilizada uma versão sintética do composto, que é um modificador de consciência e percepção encontrado em cogumelos do gênero Psilocybe (conhecidos como alucinógenos). Isso é feito para garantir um melhor controle de dosagem. Os resultados se mostraram promissores, coletados via ressonância magnética funcional.

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Conexões cerebrais e a psilocibina

Há algumas redes cerebrais evolvidas na depressão: a Rede Executiva, que tem a ver com controle cognitivo, a Rede de Saliência, que mexe com a alternância da atenção entre mundos interno e externo, e a Rede de Modo Padrão, que fica ativa em estados de introspecção. Acredita-se que, quando a ação e interação dessas áreas do cérebro é falha, isso gera os casos mais graves de depressão, por exemplo, em pacientes que não respondem ao tratamento, ruminando pensamentos negativos em um ciclo fechado. A isso se chama Segregação entre as Redes, ou Modularidade.

Analisando a atividade cerebral de 60 pacientes no início do tratamento com psilocibina e novamente após três semanas, os pesquisadores viram uma diminuição na segregação entre as redes cerebrais, melhorando os sintomas de depressão imediatamente e sustentando os resultados por todas as semanas analisadas. A modularidade entre as redes diminuiu, o que pode impactar outros problemas além da depressão, como anorexia e dependência química.

Dois testes clínicos já haviam sido feitos: um em 2016, com todos os pacientes cientes da administração de psilocibina, e um duplo-cego randomizado em 2021, comparando os efeitos da substância psicodélica com os do escitalopram, um antidepressivo comum. Os resultados já se mostravam positivos à época.

Os pesquisadores comentam que o mérito da pesquisa fica também em uma mudança global no cérebro, flexibilizando a conexão entre as redes, o que explica o efeito imediato e aborda o problema da depressão de forma diferente ao afetar o padrão de pensamentos negativos associados à patologia. Eles lembram, no entanto, que os testes ocorreram em condições clínicas controladas, com doses reguladas e acompanhamento psicológico antes, durante e depois da administração da substância.

Apesar dos avanços da ciência com derivados dos cogumelos, é válido ressaltar que ainda é necessário esperar por regulamentações e prescrição de remédios como esse. Caso aprovados, tais medicamentos serão receitados e seu uso será acompanhado por médicos especialistas durante o tratamento dos pacientes.

Fonte: Nature Medicine