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MDMA mostra bons resultados no tratamento assistido de estresse pós-traumático

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Março de 2022 às 22h40

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Nik Shuliahin/Unsplash
Nik Shuliahin/Unsplash

Pesquisadores estadunidenses reportaram resultados promissores na fase 3 de testes clínicos com uso de MDMA (conhecido popularmente como ecstasy) para o tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Drogas psicoativas como LSD, ketamina, psilocibina e o próprio MDMA vêm sendo estudadas já há alguns anos no tratamento de problemas de saúde mental — aliados, é claro, com sessões de psicoterapia e acompanhamento médico.

O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) é um empatógeno, ou seja, é uma substância que causa a liberação de ocitocina no cérebro, criando sentimentos de confiança e proximidade, o que tem um pontecial de ajuda muito grande em ambientes terapêuticos. Pacientes com TEPT costumam ter sintomas como amnésia, memórias retrospectivas e pesadelos relacionados a eventos traumáticos. O estudo envolveu 90 participantes com a condição, que chegou à fase 3 com controle de randomização, duplo-cego e placebo.

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Detalhes do estudo

Na fase 2 da pesquisa, foram determinadas as doses ideais da droga para os pacientes, enquanto a fase 3 já encaminhou os participantes a sessões de terapia com oito horas de duração após receberem a dose respectiva de MDMA. Então, duas sessões de terapia assistidas com a substância foram proporcionadas aos participantes, com a diferença de um mês entre cada uma, junto a sessões semanais de terapia sem a droga.

Dois meses após a última sessão com MDMA, cerca de dois terços dos participantes já não apresentavam sintomas de TEPT. Em contraste, apenas um terço do grupo que recebeu o placebo (incluindo terapia) viu uma redução significativa dos sintomas. Houve poucos efeitos adversos do uso da droga, como náusea, e nenhuma evidência de vício na substância.

Atualmente, a primeira opção de tratamento para TEPT costuma ser o uso de antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), de uso diário. O problema é que esse tipo de tratamento nem sempre é efetivo e pode trazer vários efeitos adversos, como insônia, cansaço e ganho ou perda de peso.

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Perspectivas para o futuro

A intensidade do efeito à terapia com MDMA indica que a droga é uma escolha terapêutica melhor, quando comparada aos antidepressivos tradicionais. Ela parece funcionar melhor inclusive em casos de pacientes considerados resistentes a tratamento. Agora, é necessário esperar por resultados de longo prazo da fase 3 dos testes: pacientes da fase 2 têm se mostrado melhores por anos, se engajando melhor socialmente e aumentando a qualidade de vida.

Após uma segunda bateria de testes de fase 3 — e mediante resultados igualmente positivos —, é esperado que instituições como a FDA (Food and Drug Administration, a ANVISA estadunidense) possa aprová-la para uso clínico até 2023. Jennifer Mitchell, neurocientista da University of California, no entanto, alerta: não é indicado que pacientes se auto-mediquem com a substância, mesmo que seja eventualmente descriminalizada. É necessário tomar a dose certa no momento certo, com auxílio de terapia, que é a atividade chave do tratamento, potencializada pela droga.

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O estudo foi apresentado no encontro de primavera da American Chemical Society.

Fonte: American Chemical Society