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Primeiro transplante de rosto e mãos é realizado com sucesso; veja imagens!

Por| 04 de Fevereiro de 2021 às 07h20

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 Francisco Moreno/ Unsplash
Francisco Moreno/ Unsplash

[AVISO: foram incluídas nesta notícia imagens sensíveis sobre o caso do paciente, compartilhadas pela instituição de saúde responsável pelo transplante]

Nesta quarta-feira (3), uma equipe de cirurgiões dos Estados Unidos anunciou o primeiro transplante combinado de rosto e de mãos bem-sucedido do mundo, feito há seis meses, em um homem de 22 anos que sofreu um acidente. Para o processo, um dos grandes desafios foi encontrar um doador compatível e, principalmente, evitar a rejeição pelo organismo —  ponto que ainda está em observação.

Durante coletiva de imprensa, os médicos do NYU Langone Health, liderados pelo cirurgião plástico Eduardo D. Rodriguez, comemoraram o feito. Na ocasião, o paciente norte-americano Joe DiMeo esteve presente e participou do encontro. Ainda em processo de recuperação, ele está reaprendendo a falar e a retomar suas atividades. “É preciso muita motivação, muita paciência. E você tem que se manter forte em tudo”, comentou DiMeo para a Associated Press.

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Quantos transplantes de mãos ou rosto foram feitos no mundo?

No mundo todo, transplantes de rosto e mãos são incomuns e, até mesmo, raros devido à alta complexidade envolvida nesse tipo de procedimento e as dificuldades do pós-operatório. De acordo com a United Network for Organ Sharing (Unos) —  entidade que supervisiona o sistema de transplantes nos EUA —  são contabilizados menos de 20 transplantes de rosto e cerca de 35 transplantes de mão no globo.

Agora, os transplantes simultâneos de face e das mãos são extremamente raros e, até então, nenhum obteve sucesso. A operação pela qual o paciente norte-americano passou já foi tentada outras duas vezes com outras pessoas. Em 2009, um paciente em Paris, na França, morreu cerca de um mês depois do procedimento, em decorrência de complicações. 

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Dois anos depois, em 2011, médicos de Boston tentaram operar uma mulher que foi atacada por um chimpanzé, mas houve rejeição e o transplante das mãos foi desfeito. “O fato de que eles conseguiram é fenomenal”, comentou Bohdan Pomahac, cirurgião do Brigham and Women’s Hospital, em Boston, que liderou a segunda tentativa. “Eu sei em primeira mão que é incrivelmente complicado. E foi um tremendo sucesso”, confirmou.

Como foi a cirurgia para os transplantes?

Um dos principais desafios da equipe da NYU foi encontrar um doador compatível com o paciente. Sobre essa dificuldade, os médicos chegaram a estimar 6% de chance de encontrar o doador ideal, que tivesse compatibilidade com o o sistema imunológico de Joe. Outro complicador era encontrar um doador do mesmo sexo e tom de pele, em plena pandemia da COVID-19. Com o coronavírus, as doações de órgãos despencaram. 

Apenas no início de agosto deste ano, a equipe identificou um doador compatível em Delaware. Entre entrar na sala de cirurgia no dia 12 de agosto e finalizar o procedimento, os médicos e enfermeiros —  de um grupo composto por mais de 140 profissionais da saúde —  levaram 23h de trabalhos ininterruptos. Nesse período, foi necessário amputar ambas as mãos de DiMeo, substituindo-as e conectando os nervos novamente, além de vasos sanguíneos e 21 tendões — às vezes, finos como cabelos. Além disso, foi necessário transplantar um rosto inteiro, incluindo testa, sobrancelhas, nariz, pálpebras, lábios, orelhas e alguns ossos faciais, fazendo toda a conexão nervosa acontecer.

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“A possibilidade de sermos bem-sucedidos com base no histórico parecia pequena”, afirmou o Dr. Eduardo Rodriguez, que liderou a equipe médica. “Não que alguém tenha feito isso muitas vezes antes e nós temos uma espécie de cronograma, uma receita a seguir”, comenta sobre as dificuldades até mesmo sobre quais procedimentos seriam necessários realizar.

Para aumentar as chances de sucesso, os médicos elaboraram um planejamento cirúrgico 3D, no pré-operatório, com detalhes da situação do paciente e, assim, conseguiram alinhar os ossos com as placas e os parafusos implantáveis, por exemplo, na visualização digital.

Desde que deixou o hospital em novembro —  praticamente três meses após a cirurgia —, DiMeo está em reabilitação intensiva, dedicando inúmeras horas diárias à terapia física, ocupacional e fonoaudiológica. Isso porque é necessário reaprender os novos comandos do seu corpo, como piscar. Além disso, o paciente deve receber medicamentos por toda a vida, o que deve evitar rejeição dos transplantes.

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Como acontece em casos de transplantes, o perigo de rejeição costuma ser maior no início, mas dura indefinidamente. É para reduzir esses riscos que o uso de medicamentos é prescrito por toda a sua vida. “Você nunca está livre desse risco”, explicou o Dr. David Klassen, diretor médico da UNOS. “O transplante para qualquer paciente é um processo que dura um longo período”, completou. No entanto, é inegável a melhora da qualidade de vida de DiMeo com os novos procedimentos.

Acidente grave levou ao transplante

Segundo o relato do paciente, em julho de 2018, ele teria adormecido ao volante, quando voltava para casa após completar o seu turno noturno de trabalho em uma empresa farmacêutica, onde testava produtos. Nessa hora, o carro bateu e capotou, chegando a explodir com DiMeo dentro. Após ser resgatado, os médicos identificaram queimaduras de terceiro grau em mais de 80% de seu corpo.

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Além disso, as pontas dos dedos foram amputadas, cicatrizes faciais severas se formaram e ele perdeu os lábios e as pálpebras, o que afetava também sua visão. Desde então, o paciente passou por mais de 20 cirurgias reconstrutivas e inúmeros enxertos de pele foram testados em seu corpo. Dessa forma, ele entendeu que as cirurgias convencionais não poderiam ajudá-lo a recuperar a visão completa ou reabilitar as suas mãos. Assim, optou pela cirurgia tão arriscada.

“Foi consenso entre nós que Joe [DiMeo] seria o candidato ideal para este procedimento. Ele é um dos pacientes mais motivados que já conhecemos”, comentou o Dr. Rodriguez sobre a escolha do paciente para a cirurgia tão complexa e delicada.

Fonte: Yahoo e NYU