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Por que querem trocar o nome da varíola dos macacos?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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furmanphoto/envato
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Após casos de envenenamento de macacos serem relatados no Brasil por causa da varíola dos macacos (monkeypox), a Organização Mundial da Saúde (OMS) explicou e reforçou que os animais não têm nada a ver com o atual surto da doença. Diante desse cenário e de críticas anteriores, o debate sobre mudar (ou não) o nome do vírus é retomado.

O departamento de saúde da cidade de Nova York, nos Estados Unidos, e uma equipe de mais de 30 cientistas já enviaram cartas para que a OMS revisse o nome da varíola dos macacos. A organização chegou a cogitar a alteração, mas, passado mais de um mês, não há indícios de que isso deva ocorrer em breve.

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Cientistas criticam termo varíola dos macacos

Entre os posicionamentos críticos ao nome, um dos mais diretos foi o do Departamento de Saúde da cidade de Nova York. Em carta para a OMS, o comissário de saúde Ashwin Vasan defende que o termo varíola dos macacos fosse alterado "imediatamente", já que os primatas não humanos não são a origem da doença e o nome pode estigmatizar populações vulneráveis.

"Temos uma preocupação crescente com os efeitos potencialmente devastadores e estigmatizantes que as mensagens sobre o vírus da varíola dos macacos podem ter nessas comunidades já vulneráveis", pontua Vasan, na carta.

"Continuar a usar a expressão 'macacos' para descrever o surto atual pode reacender esses sentimentos traumáticos de racismo e estigma — particularmente para negros, bem como membros das comunidades LGBTQIA+ —, e é possível que eles evitem buscar [atendimento em] serviços de saúde por causa disso", acrescenta Vasan.

Endossando a carta, vereadores da cidade também se posicionaram de forma favorável a essa mudança. "Assim como o nome 'Gripe Espanhola', esses nomes têm um significado carregado [de sentidos]. E quando falamos de saúde pública, não é sobre isso que queremos falar. Queremos falar sobre os fatos e como as pessoas podem se proteger", defende Erik Bottcher.

Além disso, uma carta assinada por mais de 30 cientistas também defendia a necessidade de que um novo fosse associado à condição e o vírus que a causa. O texto foi publicada na plataforma Virological. Esta foi uma das primeiras manifestações pública contra o nome, divulgada no começo de junho.

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OMS já sinalizou que pode mudar o nome da monkeypox

Ainda em junho, a OMS chegou a anunciar que modificaria o nome monkeypox, mas até agora o termo para se referir a essa doença continua o mesmo. Na época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a organização estava “trabalhando com parceiros e especialistas de todo o mundo na mudança do nome do vírus da varíola, seus clados e a doença que causa”.

Caso dos macacos mortos no Brasil

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O Brasil já registrou os primeiros animais que foram vítimas do preconceito causado pelo nome da doença, segundo apuração do G1. Na cidade de Rio Preto, no estado de São Paulo, oito macacos teriam sido envenenados, após os primeiros casos da varíola dos macacos serem registrados no local. Apenas três sobreviveram.

Após o caso se tornar público, uma porta-voz da OMS destacou que os animais não têm relação com o atual surto. “O que as pessoas precisam saber é que a transmissão que estamos vendo está acontecendo entre humanos”, afirmou Margaret Harris, epidemiologista da OMS, durante coletiva de imprensa.

Qual a origem da doença?

Vale lembrar que o vírus foi somente isolado pela primeira vez em macacos, durante um experimento liderado por pesquisadores da Dinamarca, mas não se acredita que eles sejam o principal e nem o primeiro reservatório animal da doença. Acredita-se que algumas espécies de roedores do continente africano sejam o reservatório natural deste tipo de varíola. Apesar disso, a doença se popularizou através do nome varíola dos macacos.

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Fonte: Com informações: CBS News, EuroNews, G1 e Virological