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Por que os dentes do siso demoram tanto para nascer?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Novembro de 2021 às 10h30

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wayhomestudio/Freepik
wayhomestudio/Freepik

Mesmo depois de adultos e de todos os nossos dentes de leite já terem caído para dar espaço aos definitivos, ainda temos uma ameaça que pode incomodar a qualquer momento: os dentes do siso. Esses molares, muitas vezes, não crescem como qualquer outro dente, mas sim em inclinações variadas ou empurrando os vizinhos, podendo causando bastante dor e até inflamação.

Mas por que os dentes do siso (ou terceiros molares) demoram tanto para nascer e, algumas vezes, podem dar muito trabalho? Cientistas foram atrás da resposta e publicaram um estudo bastante interessante sobre o assunto. Segundo os pesquisadores, a resposta está na maneira em que "a restrição biomecânica da forma mastigatória em primatas adultos opera através da duração do crescimento craniofacial".

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Portanto, essa restrição regula o local em que os dentes do siso podem irromper em segurança para uma oclusão (relação da mordida com a arcada dentária) funcional. Ou seja: os dentes do siso não podem nascer antes que as mandíbulas se desenvolvam completamente e tenham espaço suficiente para abrigá-los em segurança. Porém, humanos têm uma anatomia diferente de macacos, o que dificulta esse entendimento.

Além de termos cérebros grandes e "focinhos" pequenos e recuados, precisamos esperar muitos anos para atingir a idade adulta completa, e nos reproduzimos diversas vezes antes do primeiro filho se tornar um adulto. Então, quando um cientista tenta mapear os tempos atuais com o surgimento de dentes molares em nossa espécie, o trabalho fica bastante confuso.

"O que acontece é que as nossas mandíbulas crescem muito lentamente, provavelmente devido às nossas histórias de vida, que são lentas, em geral", diz Gary Schwartz, co-autor do estudo. "Em combinação com nossos rostos curtos, isso atrasa [a formação de] um espaço mecanicamente seguro, resultando em idades muito tardias de erupção do terceiro molar", completa o pesquisador.

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Para chegar a essa segurança, é preciso não só que a mandíbula tenha o tamanho ideal para abrigar os dentes, mas também que haja uma boa mecânica dos nossos músculos de mastigação. Quando os terceiros molares surgem muito cedo, o que é bastante comum, o sistema mastigatório não está pronto para abrigá-los, resultando em prejuízos no alinhamento da arcada e até mesmo na articulação temporomandibular. A necessidade desse equilíbrio foi encontrada pelos pesquisadores não só em humanos, como em quase duas dúzias de espécies de primatas, de gorilas a lêmures. "Nossos resultados sugerem que a erupção [do terceiro] molar retardada no Homo sapiens é o resultado de uma retração facial extrema associada a uma desaceleração e duração prolongada do crescimento orofacial", completa o estudo.

A pesquisa foi publicada na revista científica Science Advances.

Fonte: IFL Science