Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Por que o primeiro suspiro do bebê é tão importante? A ciência explica!

Por| 18 de Fevereiro de 2021 às 13h15

Link copiado!

Dragos Gontariu/ Unsplash
Dragos Gontariu/ Unsplash

O nascimento de um bebê costuma ser um marco muito comemorado para uma família, mas o que pouca gente sabe é a importância dos primeiros momentos, incluindo o primeiro suspiro, para a saúde da criança. Nos Estados Unidos, uma equipe de pesquisadores investiga como a primeira respiração pode afetar a capacidade do sistema respiratório ao longo da vida e já descobriram que, aí, pode estar a chave para entender alguns casos de morte súbita.

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia (UVA), nos Estados Unidos, investigam as mudanças ao longo da vida nos sistemas respiratórios e descobriram que muitas estão associadas a primeira respiração. Inclusive, esse primeiro suspiro pode oferecer pistas importantes sobre a síndrome da morte súbita infantil (SMSI), que pode acometer bebês com menos de um ano.

Continua após a publicidade

Em suas análises, os pesquisadores descobriram um sistema de sinalização no tronco cerebral que se ativa, de forma quase imediata, na hora do nascimento para apoiar a respiração da criança. Antes desse momento, vale lembrar que o bebê obtém oxigênio através da mãe e da placenta para respirar. Depois, o seu corpo é que se torna responsável pelas trocas gasosas fundamentais para vida, de forma abrupta.

"O parto é traumático para o recém-nascido, pois o bebê tem que assumir o controle independente de várias funções importantes do corpo, incluindo a respiração", explica Douglas A. Bayliss, presidente do Departamento de Farmacologia da UVA. "Pensamos que a ativação deste sistema de suporte no nascimento fornece um fator de segurança extra para este período crítico", pensa.

Regulando a respiração do bebê

Agora, as descobertas devem ajudar os pesquisadores a entender como a respiração passa de um estado frágil — afinal, é uma atividade totalmente nova para o bebê — a pausas potencialmente fatais e que podem desencadear danos cerebrais no início do desenvolvimento para um sistema fisiológico estável. Inclusive, será este sistema que fornecerá oxigênio para a criança por toda a vida.

Continua após a publicidade

Em parceria com outros pesquisadores da Universidade de Alberta e da Universidade de Harvard, a equipe de cientistas descobriu que um gene específico é ativado, na hora do nascimento, em um grupo de neurônios que regulam a respiração em ratos. No estudo com outros mamíferos, este gene produz um neurotransmissor peptídeo (PACAP). Em outras palavras, é produzida uma cadeia de aminoácidos que consegue retransmitir informações entre os neurônios.

Durante os testes com os ratos, os pesquisadores conseguiram verificar que o bloqueio desse neurotransmissor causa problemas respiratórios e também é responsável por aumentar a frequência das apneias, ou seja, pausas na respiração potencialmente perigosas. Além disso, foi possível observar maior incidência das apneias com a variação da temperatura ambiente.

Dessa forma, as evidências identificadas pela pesquisa sugerem que problemas com o sistema desse neurotransmissor podem aumentar também os riscos dos bebês desenvolverem a síndrome da morte súbita infantil (SMSI) e até a outros problemas respiratórios. Mesmo que não seja a única causa, essa cadeia de aminoácidos foi a primeira molécula sinalizadora que mostrou ser, especificamente, ativada no nascimento e foi geneticamente ligada a SMSI, em bebês.

Continua após a publicidade

"Essas descobertas levantam a interessante possibilidade de que mudanças adicionais relacionadas ao nascimento possam ocorrer nos sistemas de controle da respiração e outras funções críticas", comenta Bayliss. "Nós nos perguntamos se este poderia ser um princípio geral de projeto em que sistemas de suporte à prova de falhas são ativados, neste período de transição chave, e que compreendê-los pode nos ajudar a tratar melhor os distúrbios do recém-nascido", completa o pesquisador.

Para acessar o estudo completo, publicado na revista científica Nature, clique aqui.