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Nasce o primeiro bebê após óvulo amadurecido ter sido congelado por cinco anos

Por| 19 de Fevereiro de 2020 às 15h55

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Novidades chegam ao campo da inseminação artificial, com técnicas para o amadurecimento de óvulos em ambiente externo. Isso porque uma mulher infértil, após se tratar de um câncer de mama, deu à luz um bebê depois que seus óvulos imaturos foram coletados, amadurecidos em laboratório e congelados para uso cinco anos depois. 

Segundo especialistas em fertilidade da Universidade Antoine Béclère em Clamart, na França, o menino saudável, chamado Jules, foi o primeiro bebê a nascer através desse procedimento inédito. No dia em que nasceu, 6 de julho de 2019, sua mãe tinha 34 anos. O precedente pode fazer dessa técnica uma boa opção para mulheres jovens que enfrentam um tratamento contra o câncer.

"Não sabíamos se os ovos congelados sobreviveriam e manteriam seu potencial para produzir uma gravidez e um nascimento vivo", explica Michaël Grynberg, chefe de medicina reprodutiva e preservação da fertilidade. "Foi uma boa surpresa para nós", completa Grynberg sobre os resultados positivos da gestação, como publicado em Annals of Oncology.

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Início do câncer

A mulher — que quis preservar sua identidade — tinha algumas opções de tratamentos para infertilidade, antes de iniciar a quimioterapia, aos 29 anos. Afinal, os medicamentos usados ​​em muitos tratamentos contra o câncer já são conhecidos por afetar a fertilidade das pacientes.

Logo no primeiro momento, os médicos descartaram o procedimento padrão de fertilização in vitro do uso de hormônios para estimular os ovários da mulher a produzirem óvulos, porque estavam preocupados com a possibilidade de acelerar o desenvolvimento do tumor. 

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Na época, outra opção era remover e congelar parte do tecido ovariano da paciente e o reimplantar quando ela se recuperasse do tratamento contra o câncer. No entanto, a mulher considerou essa operação muito invasiva. Foi então que optou pela recuperação de óvulos, em estágio inicial, de seus ovários. 

A partir da coleta, eles foram amadurecidos em laboratório por um ou dois dias e depois vitrificados — um processo que congela rapidamente as células em nitrogênio para reduzir as chances de formação e ruptura de cristais de gelo —, um processo delicado, que poderia torná-los inférteis.

Quando sentiu vontade de ter filhos, a mulher procurou a equipe de Grynberg, que tinha realizado o procedimento. Dessa forma, descongelaram sete dos seus óvulos (seis sobreviveram ao processo). Estes foram fertilizados com injeções de esperma, mas apenas um se desenvolveu em um embrião saudável, que deu origem a essa gravidez bem-sucedida. 

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Novas aplicações

De acordo com Grynberg, esse novo procedimento permite que algumas mulheres tenham bebês após enfrentarem problemas de fertilidade. Mesmo assim, em pacientes com câncer, a remoção e o congelamento do tecido ovariano antes da quimioterapia continua a ser um tratamento mais acertado. O problema é que além de ser uma cirurgia invasiva, o procedimento apresenta riscos a longo prazo se as células cancerígenas se infiltrarem no tecido ovariano removido para armazenamento antes da quimioterapia.

"Ela teve muita sorte e nós também", explica Grynberg. Além do caso dela, mais duas mulheres, uma que recebeu tratamento para câncer de mama e outra para linfoma, ficaram grávidas depois de ter o mesmo procedimento no hospital. Alguns casos que ainda fogem à regra, nos quais muitos embriões criados a partir de óvulos que foram amadurecidos no laboratório e congelados não se desenvolvem o suficiente para estabelecer gestações saudáveis. 

Outra questão que os médicos querem entender melhor é por que o número de óvulos imaturos que podem recuperar das mulheres varia tão drasticamente. "Podemos ter dois pacientes diferentes, ambos com 30 anos e obter 10 óvulos de uma mulher e 20 da outra, e não sabemos o porquê", explica Grynberg sobre os procedimentos que realiza.

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Fonte: The Guardian