Por que o correto é falar dengue grave e não dengue hemorrágica?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Você provavelmente já escutou falar sobre dengue hemorrágica, mas, apesar da popularidade, o termo não é o mais correto para se referir a forma mais grave da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O certo é usar dengue grave, como orienta a Organização Mundial de Saúde (OMS).
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A expressão dengue hemorrágica caiu em desuso, porque a hemorragia não é o único e nem o principal sintoma da dengue grave. Na verdade, alguns pacientes com esta forma da doença podem nem apresentar essa complicações. Isso acaba confundindo as pessoas na hora de buscar ajuda médica, o que pode atrasar o diagnóstico correto.
No caso da dengue “comum” ou da dengue grave, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar as complicações, reduzindo o risco de morte. Entre as primeiras recomendações, está a necessidade de tomar água, ou seja, manter o corpo hidratado. Outras prescrições devem ser feitas pelo médico que acompanha o caso, dependendo da gravidade.
Dengue hemorrágica ou dengue grave?
Olhando para a história desta arbovirose transmitida por mosquitos, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lembra que, na década de 1970, a doença era conhecida como febre da dengue (FD) e febre hemorrágica da dengue (FHD).
No entanto, o nome foi se adaptando ao longo dos anos. O fim do uso formal da expressão dengue hemorrágica aconteceu em 2009, com a publicação de uma nova diretriz da OMS. A partir disso, passou-se a usar nos documentos oficiais da organização as expressões dengue e dengue grave. Em paralelo, a comunidade médica também se adaptou, embora a expressão antiga, dengue hemorrágica, ainda seja bastante popular.
Em nota técnica, a SBIm explica que “a nova classificação tem se mostrado mais fiel à evolução clínica dos pacientes e facilita o gerenciamento de casos, com a inclusão de sinais de alerta como critérios diagnósticos para casos prováveis e potencialmente graves de dengue, orientando melhor o monitoramento dos pacientes”. Afinal, a hemorragia deixou de ser considerada o único sinal de alerta para o agravamento da dengue.
O que é dengue grave?
A dengue grave pode ser causada por qualquer um dos quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e é mais comum quando a pessoa já contraiu anteriormente outro sorotipo do patógeno.
Nos primeiros dias, tanto o quadro de dengue quanto de dengue grave são semelhantes. "Os sintomas graves da dengue geralmente surgem depois que a febre passa”, explica a OMS.
Se a infecção evoluir para a forma grave, o paciente com dengue grave pode apresentar alguns dos seguintes sintomas:
- Dor abdominal;
- Vômito;
- Mudanças no ritmo de respiração, ficando mais rápida que o normal;
- Sangramento nas gengivas ou nariz;
- Fadiga e fraqueza;
- Inquietação;
- Sangue no vômito ou nas fezes;
- Muita sede;
- Pele pálida e/ou fria.
Com esses sintomas, a orientação é que o indivíduo busque imediatamente atendimento médico. Se a situação piorar, o quadro pode evoluir para:
- Quadro de hipotensão severa (pressão baixa);
- Insuficiência respiratória por acúmulo de líquido;
- Hemorragia grave;
- Disfunção ou falência de órgãos, como do fígado ou do coração;
- Alterações neurológicas, como a perda da consciência.
Como é possível observar, os sangramentos e as hemorragias são sintomas que podem ser encontrados em pacientes com dengue grave, mas não são obrigatórios. Alguns indivíduos podem ter a saúde gravemente comprometida, sem apresentá-los. Por isso, dengue hemorrágica não é a melhor forma de se referir a essa condição.