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Síndrome de Maria Antonieta: o estresse realmente deixa os cabelos brancos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Julho de 2021 às 21h00

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wayhomestudio/Freepik
wayhomestudio/Freepik

O processo de envelhecimento altera muitas de nossas características físicas, principalmente quando se fala em pele e cabelo. Enquanto começamos a ficar com rugas e se torna inevitável combater a gravidade, os nossos fios de cabelo vão perdendo a cor natural para se tornarem acizentados e, então, brancos.

Todo esse processo é gradual, mas existe um mito popular em que todos os fios de cabelo se tornam grisalhos de maneira rápida, praticamente de um dia para o outro. Isso se chama síndrome de Maria Antonieta, e esse nome foi dado devido a um folclore sobre a rainha Maria Antonieta da França, que teria passado por essa situação antes da sua execução em 1793, quando ela tinha apenas 38 anos. É por isso, também, que você já deve ter ouvido alguém falar que muito estresse "vai te deixar de cabelos brancos".

A síndrome vem sendo questionada há anos, com muitos acreditando ser um mito. Cientistas, no entanto, já estudaram sobre o assunto e descobriram que o estresse pode, de fato, deixar os cabelos brancos. Mas será que isso pode acontecer tão rápido assim? 

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Ya-Chieh Hsu, autor sênior de uma pesquisa realizada em janeiro de 2020, conta que todo ser humano conta com uma particularidade em relação a como o estresse afeta o nosso corpo, principalmente a pele e o cabelo. "Queríamos entender se essa conexão é verdadeira e, em caso afirmativo, como o estresse resulta em mudanças de diversos tecidos", explica o pesquisador. Antes do estudo ser realizado, ainda era um mistério a informação de como é possível o organismo deixar o cabelo branco como consequência do estresse. Acreditava-se, então, que o estresse acelerava o envelhecimento, provocando o branqueamento dos fios.

No início do estudo, os cientistas chegaram a acreditar nessa teoria da aceleração do envelhecimento, mas logo ela foi desmentida. Então, eles resolveram ir mais a fundo no estudo do hormônio cortisol, que ajuda o organismo no controle do estresse. Hsu diz que o estresse aumenta os níveis do cortisol no organismo, mas quando os testes realizados com ratos removeram a glândula adrenal para que o cortisol não fosse gerado, os pelos ficaram brancos de qualquer forma.

Então, o estresse deixa os cabelos brancos?

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A primeira descoberta, portanto, concluiu que quando ratos ficam estressados, os pelos perdem o pigmento porque acontece o esgotamento de células-tronco específicas, que vivem na base dos folículos dos pelos. Essas células-tronco se transformam em células produtoras de pigmento conforme o cabelo cresce, mas em períodos mais longos de estresse as células-tronco não são superativadas, esgotando o reservatório do folículo de células-tronco que produzem o pigmento, fazendo com que os fios cinzas cresçam.

"Depois de apenas alguns dias, todas as células-tronco regeneradoras de pigmento foram perdidas. Quando elas acabam, não é possível mais regenerar os pigmentos. O dano é permanente", diz Hsu. Na sequência, os cientistas descobriram que o que estava desencadeando a perda excessiva de células-tronco no folículo era a presença de norepinefrina, conhecida também como noradrenalina, hormônio que é liberado na corrente sanguínea para regular o humor, memória e concentração. O esbranquiçamento dos fios aconteceu mesmo com a remoção da glândula adrenal, fonte primária do hormônio.

Isso porque a outra fonte principal de norepinefrina do organismo está no sistema nervoso simpático, responsável por ajustar o organismo em situações de perigo e estresse. Sendo assim, o estresse em excesso faz com que o sistema nervoso simpático libere a norepinefrina dos seus neurônios, ativando a migração em massa das células-tronco dos folículos.

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Mas e a síndrome de Maria Antonieta?

Agora que sabemos que o estresse pode, definitivamente, deixar os cabelos brancos antes do tempo, é hora de entender se a síndrome de Maria Antonieta é possível.  A suposta condição, que foi apelidada em 2009 de canities subita, se tornou tema de uma pesquisa de 2012, que afirma ser clinicamente impossível os fios de cabelo ficarem brancos de um dia para o outro. "Mesmo se uma doença, uma lesão ou um choque repentino pudesse tornar o cabelo branco, levaria semanas até que o efeito fosse visível porque somente a raiz seria afetada", diz o estudo.

De acordo com Desmond Tobin, professor de ciências dermatológicas da Universidade de Dublin, na Irlanda, não há células vivas no cabelo e, por isso, o estresse não pode afetar a fibra capilar que já está formada, somente as que estão se formando. Existem casos parecidos com o de Maria Antonieta, mas eles são atribuídos a uma condição chamada alopecia areata, que consiste no ataque do sistema imunológico aos folículos pilosos, o que acontece após períodos de estresse grave.

Com isso, os fios de cabelo caem repentinamente, fazendo com que os cabelos pigmentados vão embora até sobrarem apenas os grisalhos, deixando a impressão de que os fios embranqueceram rapidamente. Isso, portanto, pode ter acontecido com Maria Antonieta antes da sua execução.

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Fonte: IFL Science