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Por que dobramos os braços quando corremos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Julho de 2021 às 18h40

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katemangostar/Freepik
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Quando estamos correndo ou andando, é inevitável que nossos braços também se movimentem por uma mera questão de equilíbrio. Durante as caminhadas, nossos braços balançam ao lado do corpo, para frente a para trás, embora em posição reta. Mas quando estamos correndo, eles se dobram enquanto balançam conforme o ritmo. Você já parou para pensar no motivo de isso acontecer?

Para trazer respostas mais completas sobre isso, cientistas investigaram há alguns anos como a posição dos braços ajudam na eficiência energética. Eles descobriram, no entanto, que andar com os braços flexionados é menos eficiente, na questão da energia, do que com os braços esticados.

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Os pesquisadores dizem que um braço dobrado forma um arco mais curto do que um braço reto, acreditando então que eles precisam de menos energia para se balançarem para frente e para trás, sendo mais eficientes para corridas e caminhadas. Porém, se os braços dobrados realmente são mais eficientes quando o assunto é energia, eles começaram a se questionar sobre os motivos de eles não se dobrarem de forma natural.

Então, os cientistas decidiram examinar o movimento de oito pessoas em esteiras, sendo quatro homens e quatro mulheres. Durante a caminhada ou corrida no aparelho, primeiro usando os braços esticados e depois dobrados, foram usadas câmeras infravermelhas e um software de captura de movimento. Com isso, foi possível registrar os movimentos dessas pessoas e construir modelos digitais de seus corpos, em 3D.

Duas semanas depois, os participantes do estudo repetiram o procedimento de caminhada e corrida nas esteiras, mas dessa vez usando máscaras respiradoras para a coleta de dados metabólicos sobre o uso de energia por cada um. Quando eles estavam correndo com os braços esticados, eles afirmaram que se sentiram estranhos, mas não houve diferença notável na eficiência energética, nem mesmo com eles dobrados.

Porém, os cientistas observaram um detalhe importante: quando eles corriam com os braços dobrados, o gasto de energia era de 11% a mais do que com eles esticados, o que pode acontecer como uma necessidade de fazer mais esforço para mantê-los dobrados em uma velocidade relativamente mais lenta. A conclusão, então, é a de que as pessoas mantêm os braços esticados quando andam de forma natural, mas ainda não se sabe a razão pela qual a corrida traz o estereótipo de braços dobrados.

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Antepassados

Em um estudo mais antigo, realizado em 2014, pesquisadores disseram que o balanço dos braços gasta bastante energia durante o processo, mas que quando eles estão firmes o consumo é ainda maior por haver a redução do movimento do tronco.  Para o novo estudo, esses detalhes podem ajudar a explicar a evolução da proporção dos braços na árvore genealógica dos humanos.

Os australopitecos e os Homo abilis, que pisaram na Terra há milhões de anos, tinham os braços mais longos em comparação com as pernas do que os humanos modernos, e seus antebraços eram mais longos em comparação com a parte superior do braço. Os cientistas explicam que braços mais curtos balançam menos, o que nos beneficiaria em corridas de longa distância.

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"As proporções dos braços modernos surgiram no Homo erectus", dizem os pesquisadores. "E coincidiram com a evolução da corrida de resistência como um comportamento importante dos hominídeos", completam. Sendo assim, esse processo de nos sentirmos mais confortáveis correndo com os braços dobrados pode ser o resultado das marcas que evolução nos deixou.

Já em relação ao motivo de os braços balançarem enquanto caminhamos ou corremos, a explicação se apoia na obviedade de funcionar como uma forma de equilíbrio, mas não é tão simples assim. Segundo um estudo publicado em 2010, na Holanda, o balançar dos braços não nos deixa tão mais estáveis enquanto estamos andando normal, sem correr, mas é o que vai nos ajudar a recuperar o equilíbrio em caso de tropeços ou quedas.

O estudo mais recente sobre o assunto, citado no texto, está disponível para consulta neste link.

 

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Fonte: Live Science, Science Focus