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Por que as pessoas perdem o olfato com a covid?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Março de 2022 às 13h20

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Wavebreakmedia/envato
Wavebreakmedia/envato

Na pandemia da covid-19, muitas pessoas infectadas relataram a perda abrupta do olfato, o que é conhecido como anosmia. Além disso, há relatos de casos de parosmia (confusão e distorção na capacidade de sentir cheiros) e ainda de fantosmia (quando se sente cheiros que não existem). Até agora, a ciência não compreendia o porquê dessas alterações olfativas temporárias.

Publicado na revista científica Cell, um estudo investigou a perda olfativa em hamsters e a situação de neurônios em tecidos humanos de pessoas que morreram em decorrência da covid-19. A investigação foi desenvolvida por pesquisadores de diferentes centros de estudos norte-americanos, como a Columbia University.

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O fato curioso é que os neurônios que detectam os odores não têm os receptores que os coronavírus SARS-CoV-2 usam (e precisam) para invadir as células saudáveis. Se eles não são infectados, como podem ter o comportamento afetado? A resposta está na inflamação causada pelo agente infeccioso na cavidade nasal.

Efeito da inflamação

Quando o coronavírus começa a infectar células saudáveis do organismo, o sistema imunológico passa a reagir. Na região onde o agente infeccioso se concentra, como a cavidade nasal, é recorrente que inflamações sejam desencadeadas. Estas é que causariam os estragos nos receptores olfativos, ou seja, nas proteínas na superfície das células nervosas do nariz que detectam e transmitem informações sobre odores. No entanto, não foram diretamente infectadas.

“A inflamação nas células adjacentes desencadeia mudanças nos neurônios sensoriais que os impedem de funcionar corretamente”, explica Sandeep Robert Datta, professor associado da Harvard Medical School e que não participou do estudo, para o jornal The New York Times. "Muito do que o vírus faz é consequência de sua capacidade de gerar inflamação", completa.

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Experimento com hamsters sobre a perda do olfato

Para chegar a esta conclusão, a equipe de cientistas analisou os efeitos do coronavírus SARS-CoV-2 em hamsters. Após a infecção do animal, eles observaram as mudanças no sistema olfativo ao longo da evolução da covid-19.

Inicialmente, a equipe adotou testes com ração para verificar a capacidade olfativa. Em alguns momentos, a comida era escondida e a cobaia precisava procurá-la. Para os animais com anosmia, a atividade era impossível, já que não achavam o alimento.

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Em uma segunda etapa, foram analisados os tecidos dos animais. Segundo os autores, o vírus da covid-19 não invadiu os neurônios, mas infectou as células que desempenham papéis de apoio no sistema olfativo. A partir disso é que a atividade dos neurônios era alterada e os animais passaram a ter problemas de olfato. O mesmo foi observado nos tecidos humanos.

“Não é o vírus em si que está causando toda essa reorganização — é a resposta inflamatória sistêmica”, explicou Marianna Zazhytska, da Columbia University e uma das autoras do estudo. “As células nervosas não hospedam o vírus, mas também não estão realizando o que faziam antes”, reforça.

Embora a capacidade dos receptores olfativos de enviar e receber mensagens seja interrompida, esta é uma mudança temporária para a maioria das pessoas que têm covid-19. Afinal, os neurônios não morreram e, um dia, podem voltar a funcionar.

Fonte: Cell e NYT