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Covid-19 pode fazer cérebro "encolher", sugere estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Março de 2022 às 19h15

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iLexx/Envato
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Cientistas do Reino Unido observaram que a covid-19 pode encolher o cérebro de pacientes infectados. A redução afeta principalmente áreas envolvidas no processamento do olfato e da memória dos indivíduos. Ainda não se sabe se essas complicações podem ser revertidas parcialmente ou de forma completa no futuro.

Publicado na revista científica Nature, o manuscrito — texto original de um estudo que não passou por revisão de outros cientistas — foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Segundo os autores, mudanças na estrutura do cérebro podem afetar pessoas que enfrentaram casos mais leves ou graves da covid-19.

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"Apesar da infecção ser leve para 96% [a maioria] dos participantes [do estudo], observamos a maior perda de volume de massa cinzenta e o maior dano tecidual nos participantes infectados, em média, 4,5 meses após a infecção", explica Gwenaëlle Douaud, professora de Oxford e uma das autoras do estudo, em comunicado.

Além disso, Douaud comenta que o estudo também identificou que os pacientes apresentavam declínio das habilidades mentais para realizar tarefas complexas. "Essa piora mental estava parcialmente relacionada a essas anormalidades cerebrais. Todos esses efeitos negativos foram mais acentuados em idades mais avançadas", completa a neurocientista.

Entenda o estudo

No estudo britânico, a equipe de pesquisadores analisou dados de 785 voluntários, com idades entre 51 e 81 anos, independente de terem contraído a covid-19 ou não. No entanto, todos os participantes realizaram, anteriormente, algum exame de imagem do cérebro — mais precisamente, uma ressonância magnética do crânio (RM) — e os resultados do exame estavam disponíveis no UK Biobank.

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Do total de inscritos na pesquisa, 401 indivíduos foram infectados pelo coronavírus em algum momento entre março de 2020 e abril de 2021. Além disso, 15 dos infectados (4%) foram hospitalizados em decorrência da infecção. Os outros 384 participantes não receberam um diagnóstico da covid-19 durante o período do estudo.

No final do acompanhamento do estudo, todos os voluntários foram submetidos a uma segunda varredura cerebral, onde a equipe de cientistas poderia identificar se ocorreram alterações no cérebro de pessoas infectadas e do grupo controle, quando se comparava com o resultado do exame feito, em média, há três anos.

Na etapa de análise, os participantes foram pareados em idade, sexo e fatores de risco para a covid-19 — como tabagismo ou diabetes.

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Redução do tamanho do cérebro pós-covid

Quando os pesquisadores compararam as mudanças do cérebro entre o grupo controle e o de pacientes infectados, foi possível observar a redução do tamanho em diferentes partes do órgão do sistema nervoso central, principalmente no córtex cerebral (região cinzenta) daqueles que contraíram o vírus.

Além disso, as pessoas que tiveram covid-19 apresentavam maior redução no tamanho geral do cérebro do que o grupo controle. Também foi possível observar danos nos tecidos conectados ao córtex olfativo primário. Esta é uma estrutura que recebe informações sensoriais de neurônios detectores de cheiro no nariz.

Em média, o grupo infectado apresentou uma perda de 0,2% a 2% maior que o grupo controle no intervalo do estudo. Para exemplificar a redução, pessoas com mais de 60 anos perdem cerca de 0,2% a 0,3% de sua massa cinzenta em regiões relacionadas à memória a cada ano. Dessa forma, as alterações são mais significativas que o processo de envelhecimento, por exemplo.

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Agora, a equipe precisa entender os desdobramentos da descoberta na saúde dos indivíduos, o que ainda não é possível presumir. "Se esses efeitos persistirão a longo prazo, ainda precisa ser investigado em um acompanhamento adicional", explicam os autores do estudo.

Fonte: NatureUniversidade de Oxford e LiveScience