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Por que as baleias não têm câncer?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Twenty20photos/Envato Elements
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É realmente surpreendente para a ciência que as baleias, os maiores mamíferos do planeta, não tenham câncer. Até o momento, são pouquíssimas espécies livres de tumores, o que infelizmente não é o caso dos roedores, dos animais domésticos (cães e gatos) e nem dos humanos. Por ano, cânceres matam 10 milhões de seres humanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entender o que confere às baleias a capacidade de serem imunes ao câncer irá ajudar a ciência na busca por novas opções de tratamentos para os humanos. Aqui, é preciso pontuar que, eventualmente, esses mamíferos colossais podem ter câncer, mas o fenômeno seria tão raro que, até hoje, não foram identificados adequadamente pelas equipes de pesquisadores.

Por que baleias não têm câncer?

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Para a ciência, o fato de as baleias não terem câncer é um paradoxo — fato que contraria dos princípios básicos da doença —, conhecido como paradoxo de Peto. Este nome é uma referência ao estatístico britânico Richard Peto, que analisou a questão, pela primeira vez, com profundidade.

Basicamente, “o câncer é uma doença que ocorre quando uma célula do corpo sofre uma série de mutações em seu DNA e começa a se dividir descontroladamente, e as defesas do corpo não conseguem impedir esse crescimento”, afirma Alex Cagan, do Wellcome Sanger Institute, para o jornal The Guardian. “Quanto mais células um animal possui, maior é o risco de alguém ter um câncer”, acrescenta. Seguindo esta lógica, a baleia seria um dos mamíferos que mais sofreriam com a doença.

Aqui, ainda existe um adendo: as baleias têm vidas extremamente longas. Por exemplo, a baleia-da-Groenlândia (Balaena mysticetus) pode viver até 200 anos. Considerando a experiência dos humanos com o câncer, também sabemos que quanto mais velha uma pessoa é, maior será o risco para a condição. Então, existem pelo menos dois fatores de risco descartados para esses animais.

O que pode explicar a resistência das baleias contra o câncer?

Anteriormente, Cagan e uma equipe de cientistas analisaram o genoma e as células do intestino de 16 espécies de animais que morreram em um zoológico em Londres, no Reino Unido. Surpreendentemente, eles descobriram que as bases do câncer em humanos não fazem sentido para todos os animais, conforme detalham em artigo publicado na revista científica Nature.

Isso porque as espécies de vida longa, como os elefantes, acumulavam mutações em um ritmo muito mais lento que os animais de vida curta ou média. Para comparar, humanos acumulam cerca de 47 mutações por ano, mas, nos camundongos, que têm uma vida média de 4 anos, são cerca de 800.

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No momento, a nova etapa da pesquisa visa entender como os animais de vida longa, especialmente as baleias, conseguem ter vidas longevas, sem câncer. Para isso, a equipe busca traçar novos paralelos entre taxas de mutação, tumores e envelhecimento, o que pode gerar novas percepções para o combate da doença em humanos.

Curiosidade: embora as baleias tenham inúmeras vantagens em relação aos humanos quando o assunto é câncer, esses mamíferos compartilham algumas doenças. Por exemplo, tanto um homem quanto uma baleia podem ter escoliose, um problema comum na coluna. Inclusive, um desses casos, identificado na Espanha, viralizou recentemente nas redes sociais.

Fonte: The Guardian, Nature e OMS