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Por que amostras de animais e órgãos são preservadas em álcool no laboratório?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Setembro de 2021 às 10h40

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Twenty20photos/Envato Elements
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Se você já entrou em algum laboratório de ciências, muito provavelmente, pôde observar algum espécime — uma amostra de material ou de qualquer ser vivo — preservado em um recipiente de vidro e mergulhado no álcool. Pode ser que esteja preservado um coração humano ou ainda uma espécie de cobra, por exemplo. No entanto, o que pouca gente sabe é a função do álcool nesse processo de preservação. 

De acordo com o Museu Americano de História Natural, dos Estados Unidos, a técnica de preservar espécimes com álcool é usada por pesquisadores —  e entusiastas do universo da biologia — desde os anos 1600. Além disso, esse método pode garantir a preservação de um tecido por centenas de anos, dependendo das condições do ambiente e da concentração de álcool.  

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"Resumindo, é porque é tóxico para os tipos de microorganismos que causariam a decomposição", explica o professor da Universidade de Indiana, Bill Carroll, sobre o motivo que leva os pesquisadores a usarem o álcool para preservarem espécimes no laboratório. 

E o formol, é usado na mistura?

Pode parecer estranho que as amostras sejam preservadas apenas com álcool, afinal é comum pensar que o formol (formalina) —  uma mistura de água e metanal —  seja usado nessas situações. Na verdade, o uso do formol está relacionado com a preparação da amostra que será preservada, já que funciona como um fixador.

Em outras palavras, o formol o interrompe o processo de deterioração e decomposição (autólise) daquele material orgânico. Por exemplo, as reações enzimáticas e a degradação do tecido são controladas. Por isso, antes do álcool ser usado, a peça precisa ser mergulhada no formol ou em algum outro fixador similar. Após um período que é variável, o líquido é substituído pelo álcool, mais especificamente, o etanol ou álcool isopropílico. Estes é que garantirão a preservação das amostras por inúmeros anos.

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Quanto de álcool é necessário para preservar organismos?

Após o uso do formol, o espécime é mergulhado em um fluido com álcool. Segundo Katherine Maslenikov, pesquisadora do Museu Burke de História Natural e Cultura, o animal entra em contato com uma solução de álcool a 70% e o restante é completado com água —  a mesma concentração do álcool é usada para eliminar o coronavírus SARS-CoV-2 e outros agentes infecciosos.

Para armazenamento de longo prazo, "70% parece ser um número mágico", explica a pesquisadora Maslenikov. Isso porque, nessa concentração, há água o suficiente para que os tecidos permaneçam hidratados — o que ajuda o animal ou espécime a manter sua forma — e há álcool suficiente para prevenir o crescimento de fungos e bactérias.

Em concentrações ainda mais altas, como o álcool a 95%, ele funciona como um desidratante. Em outras palavras, ele acaba removendo e substituindo a água na célula, tecido ou amostra de corpo inteiro por álcool. Dessa forma, o espécime pode ser perdido, já que suas características originais podem ser alteradas. Por exemplo, a amostra pode ficar enrugada (perda de água) ou quebradiça (endurecimento das proteínas).

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"Se um organismo tem água suficiente em seus tecidos, ele pode diluir o álcool", alerta Christopher Rogers, professor da Universidade do Kansas, sobre o risco de uma concentração muito baixa de álcool. Com água suficiente para diluir a concentração, microorganismos podem sobreviver e degradar a amostra. Por isso, é tão importante analisar o quanto de álcool deve ser usado na preservação.

Fonte: Live Science e AMNH