Por que alguns fumantes não têm câncer de pulmão? Ciência pode ter descoberto
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Maio de 2022 às 12h10
Cientistas acreditam ter encontrado a razão para que alguns fumantes nunca desenvolvam câncer de pulmão durante a vida: fumar cigarros é o fator de risco número um para a condição, sendo que 90% das mortes pela doença ocorrem em fumantes. A melhor forma de se proteger contra esse tipo de câncer é não fumar.
- Proibição de cigarro mentolado pode salvar milhares de vidas, segundo estudo
- Estímulos cerebrais elétricos não invasivos podem ajudar a largar o cigarro
Mas e aquela senhora de mais de 90 anos que fuma desde muito cedo e nunca teve problemas? Bem, nem todos os fumantes estão condenados a desenvolver câncer. Na verdade, a grande maioria deles, o que intrigava os cientistas. Analisando essas pessoas, descobriu-se que seus pulmões têm menos chances de passar por mutações durante a vida.
Estudando pulmões
O estudo, publicado em abril na revista Nature, coletou amostras dos brônquios de 14 não-fumantes e de 19 consumidores de níveis leves, moderados e pesados de tabaco, fazendo um perfil genético de cada um. Os genomas das células pulmonares, então, foram sequenciados em busca de mutações.
As células dos pulmões podem sobreviver por anos ou até décadas, acumulando mutações tanto com a idade quanto com o fumo. Os brônquios são os que mais têm chances de se tornar cancerosos. Apesar do tabaco ser de fato relacionado a danos no pulmão, aumentando a taxa de mutações a cada ano de consumo, após o equivalente a 23 anos fumando um maço por dia, o risco não sobe mais, entrando em um platô estatístico.
Os cientistas descobriram que os fumantes mais ávidos não tinham a maior taxa de mutações, e os dados sugerem que a capacidade das células desses indivíduos de suprimir o acúmulo de mutações é responsável, conseguindo reparar o DNA ou desintoxicar a fumaça do cigarro.
Isso pode explicar por que cerca de 80% a 90% dos fumantes vitalícios nunca desenvolvem câncer de pulmão, e por que alguns não-fumantes acabam sofrendo da doença. Genes relacionados ao reparo de DNA podem ser herdados ou adquiridos, sendo que o silenciamento deles já foi associado ao desenvolvimento de tumores, independente do seu tipo.
Além do tabaco, fatores como a dieta também podem aumentar o risco de câncer, já que influenciam em nutrientes que impactam o desenvolvimento de tumores no corpo. Não se sabe exatamente o que faz com que uma pessoa tenha melhores capacidades de reparo no DNA do que outras, mas os geneticistas responsáveis planejam desenvolver métodos de medir essa capacidade e o risco de desenvolver câncer de pulmão futuramente.
Fonte: Nature