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Planta editada geneticamente produz cocaína em suas folhas

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Vell/Envato
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Cientistas chineses editaram geneticamente um parente próximo do tabaco, a planta da espécie Nicotiana benthamiana, e fez com que ela produzisse alguns nanogramas de cocaína em suas folhas. Esta é a primeira vez que um vegetal é hackeado para a produção deste tipo de estimulante do sistema nervoso central, conhecido por provocar sensações de euforia e prazer.

Publicado na revista científica Journal of the American Chemical Society, o estudo que descobriu como produzir cocaína através de plantas editadas geneticamente foi liderado por pesquisadores do Instituto de Botânica Kunming (KIB), na China. Em laboratório, foi possível produzir 400 nanogramas de cocaína por miligrama de folha seca, afirmam os autores.

O feito da equipe de cientistas é histórico, já que, por anos, pesquisadores buscaram desvendar a complexa bioquímica da coca (Erythroxylum coca) e a produção cocaína, sem sucesso. Segundo os autores, a resposta para o enigma foi a descoberta de duas enzimas desconhecidas, a EnCYP81AN15 e a EnMT4.

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Por que produzir a cocaína através de outras plantas?

Vale lembrar que, hoje, a droga é proibida na maioria dos países e, consequentemente, este tipo de produção somente pode ser feito para fins científicos ou medicinais. No futuro, os autores acreditam ter descoberto uma nova forma de produção, mais segura e controlada, que poderá ser usada pela indústria farmacêutica.

Afinal, os compostos da cocaína já são usados para fins medicinais, mas são pouco explorados pela dificuldade de obtenção da substância. Esta seria uma forma inédita de produção e, após mais estudos, os compostos poderiam ser aperfeiçoados, removendo possíveis efeitos indesejados.

Por exemplo, em 2020, a agência Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, liberou o uso de um anestésico nasal que contém a droga. O Numbrino não pode ser vendido em farmácias e o uso é restrito exclusivamente a hospitais.

No entanto, esta ainda é uma realidade distante. Atualmente, "a produção disponível de cocaína no tabaco não é suficiente para atender à demanda em grande escala", explica Sheng-Xiong Huang, um dos autores do estudo, para a revista New Scientist.

Fonte: Journal of the American Chemical Society e New Scientist