Pílula diária contra câncer metastático melhora a resposta em 62,5%
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •

Para tratar o câncer colorretal (cólon e reto) em metástase ou avançado, o uso de uma pílula diária conhecida como divarasib parece ser uma alternativa promissora, quando combinada com o anticorpo monoclonal cetuximab. Nesses casos, a terapia oncológica melhorou o nível de resposta ao tratamento em 62,5%, evitando o avanço da doença.
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Os resultados preliminares do estudo clínico de Fase 1b contra o câncer metastático são bastante promissores, segundo os pesquisadores do Peter MacCallum Cancer Center, na Austrália, que participaram desta fase da pesquisa. No total, a terapia com a pílula foi testada em 29 pacientes, recrutados em 10 países diferentes.
Tratamento para câncer colorretal
Segundo o artigo publicado na revista científica Nature Medicine, o tratamento com o comprimido divarasib só deve ser prescrito para pacientes com a mutação do gene KRAS G12C. Cerca de 4% dos pacientes com o câncer colorretal carregam esta mutação.
“A mutação KRAS G12C está associada a uma pior sobrevida global em pacientes com CCR [câncer colorretal] e é facilmente identificada através de testes padrões de tratamento”, afirmam os autores.
Para entender, nos indivíduos que carregam esta mutação, é muito mais provável que as suas células cancerígenas se dividam incontrolavelmente e formem mais tumores, o que contribui para a dispersão da doença por todo o corpo.
Evidências preliminares também indicam que a mutação pode piorar casos de câncer de do pulmão de células não-pequenas. É estimado que 13% das pessoas diagnosticadas tenham essa alteração. Só que, até o momento, estes pacientes não receberam a pílula diária para os testes.
Resposta ao câncer metastático
Anteriormente, os pesquisadores tinham testado os efeitos do comprimido divarasib sozinho. Nestas circunstâncias, a medicação melhorou em 35,9% a resposta ao tratamento oncológico. No entanto, o efeito mais promissor só é obtido quando ocorre a combinação com outro remédio, o cetuximab.
Afinal, “a sobrevida média, livre de progressão [do câncer], para os pacientes no estudo foi de pouco mais de oito meses, e o tratamento foi bem tolerado com efeitos adversos controláveis”, afirma Jayesh Desai, médico oncologista e um dos autores da pesquisa, para a plataforma Scimex.
“Temos muita esperança de que esta combinação de divarasibe com cetuximabe se traduza em melhores resultados para nossos pacientes com câncer colorretal”, completa o cientista.
Vale observar que, no Brasil, o número de diagnósticos deste tipo de câncer está aumentando, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Nesse sentido, novas opções de tratamento são mais do que necessárias.
Fonte: Nature Medicine e Scimex