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Pessoas hospitalizadas com covid-19 podem perder 10 pontos de QI, revela estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Maio de 2022 às 21h05

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cookelma/envato
cookelma/envato

Uma equipe de cientistas britânicos acompanhou os efeitos da covid-19 no cérebro de pacientes internados. Segundo os pesquisadores, o comprometimento cognitivo da forma mais grave da infecção equivale ao envelhecimento sofrido na passagem dos 50 para os 70 anos. Os 20 anos de envelhecimento podem ser traduzidos em 10 pontos a menos do Quociente de inteligência (QI).

Publicado na revista científica eClinicalMedicine, o estudo que busca dimensionar o impacto da covid-19 na cognição e no cérebro foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Imperial College London, ambos no Reino Unido.

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"Evidências preliminares destacaram uma possível associação entre a covid-19 grave e déficits cognitivos persistentes", explicam os autores do estudo. Inclusive, estas sequelas podem ser detectadas por mais de seis meses após a infecção do coronavírus e a recuperação tende a ser gradual — e lenta.

As novas descobertas se somam a outros relatos de complicações da covid longa, como a névoa cerebral — espécie de confusão mental duradoura —, problemas de memorização, distúrbios do sono, ansiedade e até transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) meses após infecção.

Estudo sobre o impacto da covid no cérebro e no QI

Para avaliar o impacto das formas graves da covid no cérebro e no QI, a equipe de cientistas analisou dados de 46 indivíduos que receberam atendimento hospitalar em enfermaria ou em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Deste total, 16 pacientes necessitaram de ventilação mecânica — e chegaram a um estado bastante grave da infecção.

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Todos os participantes receberam os cuidados médicos no hospital da Universidade de Cambridge, entre os meses de março e julho de 2020. Em seguida, foram acompanhados por pelo menos seis meses. No pós-infecção, os indivíduos passaram por testes cognitivos computadorizados, que mediam diferentes aspectos das faculdades mentais, como memória, atenção e raciocínio. Além disso, dados sobre ansiedade, depressão e TEPT também foram coletados.

Na etapa seguinte da pesquisa, os dados de pacientes que se recuperam da covid-19 foram comparados com controles pareados. Neste ponto, a equipe observou, por exemplo, que os voluntários apresentavam maior tempo de resposta que a população de controle. Inclusive, os efeitos foram mais significativos para aqueles que necessitaram de ventilação mecânica.

Onde o impacto da perda foi maior?

Segundo os cientistas, o efeito da covid-19 grave impactou, de forma mais perceptível, os seguintes tópicos:

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  • Perda de raciocínio analógico verbal, o que pode representar a dificuldade em encontrar palavras adequadas para se expressar;
  • Redução da velocidade do raciocínio, o que compromete a atenção, a resolução de problemas complexos e a memória.

“Acompanhamos alguns pacientes até dez meses após a infecção aguda, então conseguimos observar uma melhora muito lenta. Embora isso não tenha sido estatisticamente significativo, pelo menos está indo na direção certa, mas é muito possível que alguns desses indivíduos nunca se recuperem totalmente”, explica David Menon, um dos autores do estudo e professor da Universidade de Cambridge, em comunicado.

Apesar da descoberta, os pesquisadores explicam que a amostra de voluntários é muito baixa e que mais estudos devem investigar a relação entre a hospitalização da covid-19 e a perda cognitiva. Também é importante compreender como a variante Ômicron (BA.1) pode impactar os quadros, já que, no momento de coleta dos dados, ela ainda não tinha surgido.

Fonte: eClinicalMedicine e Universidade de Cambridge