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Pesquisa aponta data diferente para o primeiro caso de covid-19

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Fotos Públicas/Governo da China
Fotos Públicas/Governo da China

A pandemia da covid-19 pode ter uma nova data de início estipulada. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa realizada por um cientista da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Segundo a investigação, o primeiro caso ocorreu, na verdade, dias depois do que se acreditava anteriormente. Os resultados foram relatados na revista científica Science.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório que afirmava que a primeira vítima era um homem de 41 anos, que teria adoecido em 8 de dezembro de 2019. Estranhando a incidência de casos nas proximidades de um mercado de animais da região de Wuhan, o virologista Michael Worobey, que assina o artigo, resolveu juntar dados de jornais, informações públicas de hospitais, entre outros, para iniciar sua investigação.

Ele descobriu que em vez de um homem que nunca havia estado no comércio, o primeiro caso da doença está relacionado a uma vendedora do local. Worobey fez parte de uma equipe de mais de 15 especialistas que pedia, em uma carta, que houvesse a consideração da hipótese de um vazamento de um laboratório em Wuhan.

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Datas não coincidem

Worobey escreveu que sua pesquisa “fornece fortes evidências em favor da origem da pandemia a partir de um animal vivo” nesse mercado. Isso porque ele revisou documentos de dois hospitais que notificaram sintomas antes do alerta oficial ser feito.

O virologista conseguiu rastrear como os primeiros 20 pacientes covid-19 em três hospitais em Wuhan foram diagnosticados. No artigo, ele aponta que os médicos identificaram a doença com base nos sintomas, principalmente em tomografias computadorizadas dos pulmões, independentemente de um contato com a região.

A análise dos documentos aponta que nove deles eram trabalhadores do mercado, enquanto um paciente não havia visitado o comércio, mas tinha amigos que trabalhavam lá.

Ao jornal The New York Times (NYT), o pesquisador apontou que em uma cidade de 11 milhões de habitantes, metade dos primeiros casos está relacionada a um local que tem o tamanho de um campo de futebol. "Fica muito difícil explicar essa tendência se a epidemia não tiver começado nesse mercado", disse.

O relatório da OMS afirmava que, até então, o primeiro paciente estava doente desde 8 de dezembro. Mas, na verdade, ele não apresentou sintomas até 16 de dezembro, segundo o pesquisador. Assim, seguindo a linha do tempo traçada pelo virologista, o primeiro paciente conhecido passa a ser uma mulher que adoeceu no dia 11 de dezembro — uma vendedora do mercado.

Peter Daszak, que estava entre os especialistas enviados pela organização a Wuhan em janeiro de 2021, falou ao NYT que "a data de 8 de dezembro foi um erro".

Notificação dos primeiros sintomas

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O estudo que verificou a mudança no genoma do vírus, com a ajuda de Worobey, sugere que o primeiro caso de SARS-CoV-2 ocorreu em meados de novembro de 2019, semanas antes de o vendedor (rastreado pela OMS) adoecer.

Ao The Wall Street Journal, a mulher que manifestou os primeiros sintomas, disse que começou apresentar o mal-estar em 10 de dezembro. Ainda naquele mês, as autoridades chinesas alertaram os médicos para estarem atentos aos casos ligados ao mercado de Wuhan.

Linfa Wang, diretora do programa de doenças infecciosas emergentes da Duke-National University Cingapura, disse que é muito provável um comerciante de vida selvagem, que tenha sido exposto a um vetor do SARS-CoV-2, seja ele um morcego ou outro animal, tenha trazido o coronavírus para a região.

Fonte: Science, com informações de MIT Technology ReviewOMSNYT e WSJ