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Perfil genético pode determinar como um paciente reage à COVID-19

Por| Editado por Jones Oliveira | 14 de Maio de 2021 às 13h00

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Uma pesquisa realizada por professores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em colaboração com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com as Faculdades Pequeno Príncipe, revela que o perfil genético de pacientes com a COVID-19 pode influenciar no desenvolvimento da doença.

Os estudos foram feitos no Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, com 20 pacientes que vieram a óbito pela doença entre os meses de abril e setembro de 2020, além de outras 10 pessoas que morreram devido à infecção pelo H1N1. A coleta aconteceu com autorização das famílias e através do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, o Conep.

As amostras das vítimas foram comparadas com as de outros 10 pacientes, estes dentro de um grupo controle e que não morreram devido a problemas respiratórios. Lúcia de Noronha, professora da Escola de Medicina da PUCPR, conta que estudou uma proteína chamada interleucina 17 (IL-17), que conta com uma ação antiviral já conhecida, sendo o foco de diversos estudos já publicados.

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A médica conta que já desconfiava da relação da doença com o perfil genético, citando exemplos de pessoas de uma mesma família em que alguns pegaram a COVID-19 e outras não, além de algumas serem assintomáticas ou terem a forma leve da doença. "A gente já desconfiava de situações como essa, de pessoas que ficam junto a pessoas com COVID e não pegam, fazem a forma assintomática, e outras fazem a forma grave", exemplifica. O estudo explica que o polimorfismo produz uma proteína diferente, que pode ser mais frágil, pouco funcional, ou ainda ter maior ou menor quantidade. 

Noronha diz ainda ter observado que, algumas vezes, uma família inteira pega a doença, o que indica a suscetibilidade para um padrão genético. Os cientistas executaram um processo chamado genotipagem por polimorfismos, avaliando pontos específicos dentro do gene que possam existir no organismo de algumas pessoas e no de outras não. "A surpresa foi que todos os 20 pacientes da COVID-19 tinham um tipo de polimorfismo que não aparecia nem no H1N1, nem no grupo controle. Isso pode estar mostrando que o polimorfismo pode estar deixando a pessoa mais suscetível à forma mais grave da doença", completa a médica.

A professora diz que a testagem genética poderia ajudar a descobrir quem são as pessoas mais suscetíveis a desenvolver uma forma agravada da doença, uma vez que até pessoas mais jovens e sem comorbidades estão se tornando vítimas da COVID-19. "É o fator genético. Isso ajudaria na proteção aos suscetíveis. Conseguir entender que além da comorbidade, mais um grupo da população poderia ter mais chance de desenvolver a doença em sua forma mais grave", conta.

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Um teste simples, que faz a coleta apenas da saliva, já seria o suficiente para descobrir essa suscetibilidade, mas o problema de realizar uma testagem em massa, no entanto, é que testes genéticos são caros, custando cerca de R$ 1 mil. Além disso, os pesquisadores ainda precisam estudar outros genes por acreditarem que não é somente a interleucina 17 que influencia na gravidade da COVID-19. Atualmente, os cientistas vêm fazendo a genotipagem de outros tipos de interleucina, como a 4 e a 6.

O estudo completo foi publicado na revista científica Frontiers in Immunology e pode ser acessado online

 

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Fonte: Agência Brasil